Professores lançam candidatura de Diogo Simões a reitor da UFPE

Mário Flávio - 23.01.2015 às 14:13h

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Professores ligados ao grupo “UFPE que Queremos” lançaram esta semana a candidatura do ex-presidente da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) e professor do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Diogo Simões, a reitor daquela Universidade.

O apoio foi confirmado através da seguinte carta aberta:

CARTA ABERTA À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA DA UFPE

Por uma UFPE eficiente e combativa

No 1º semestre de 2015, a UFPE irá passar por um novo processo de escolha de seus dirigentes – reitor e vice-reitor – para um mandato de quatro anos. Nesse semestre também estará em curso o processo formal de revisão do estatuto e regimento da universidade, antiga promessa de campanha de vários reitores, até aqui não concluída.

É crucial que o debate ensejado pela escolha dos novos dirigentes e pela criação do novo estatuto suscite uma ampla avaliação da situação atual da nossa universidade e do que esperamos dela para o futuro. Trata-se de oportunidade para uma revisão das práticas e valores prevalentes na UFPE, que consideramos urgente empreender.

De fato, a despeito da melhora significativa na disponibilidade de recursos para as universidades públicas e de sua importante expansão física nos últimos anos, vivemos crescentemente na UFPE a impressão de estarmos numa universidade que trabalha aquém do seu potencial, uma universidade à qual falta ambição de futuro, uma universidade por vezes pouco zelosa de sua qualidade acadêmica, complacente com práticas internas de gestão arcaicas e acomodadas, permitindo que interesses e conveniências de indivíduos ou de grupos acabem por prevalecer sobre valores e objetivos acadêmicos e, a fortiori, sobre o interesse público.

Cresceu a oferta de recursos e, paradoxalmente, temos assistido na UFPE à degradação do ambiente urbano no campus da cidade universitária, à eternização de graves problemas de infraestrutura, à burocratização excessiva de processos acadêmicos como a seleção para a pós-graduação, ao subaproveitamento de oportunidades de melhoria do ensino, da pesquisa e da extensão universitárias.

Nossa universidade está tolhida por dentro, com evidentes prejuízos para a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão que realizamos. Estudantes, docentes e servidores se ressentem do ambiente em que trabalham, mas não conseguem traduzir sua insatisfação em ação transformadora. Com frequência as críticas e cobranças encaminhadas à administração restam sem tratamento, e as iniciativas de mudança que surgem localmente não encontram a acolhida necessária.

Nossas melhores lideranças com frequência se abstêm ou desistem de empreender projetos acadêmicos diante da ineficiência das estruturas de apoio à gestão; sentem-se desestimuladas por estar num ambiente institucional marcado pela acomodação e que não convida ao compromisso e à busca da excelência.

Frustra-se, assim, o princípio constitucional da eficiência na administração pública, segundo o qual nos cabe buscar o melhor desempenho possível de nossa missão institucional, alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público. Rigorosamente, a universidade pública não pode se apequenar e prender-se a interesses internos; para legitimar-se ela deve buscar ativamente a promoção do desenvolvimento e abrir-se à sociedade. Isso não se faz com acomodação e contemporização.

Os problemas apontados configuram um quadro institucional preocupante. Precisarão ser enfrentados pelos futuros dirigentes da UFPE com coragem e firmeza, irão requerer trabalho persistente, e não serão superados sem a participação e a cobrança permanentes da comunidade universitária. Trata-se de empreender uma verdadeira mudança cultural, que faça de cada estudante, docente ou técnico-administrativo um batalhador pela qualidade da vida e do fazer universitários. Devemos lutar pra que a UFPE seja a melhor universidade do Brasil. A melhor para estudar, a melhor para trabalhar, a melhor para pesquisar, a que mais contribui para o desenvolvimento do estado e do país.

Por isso, no processo eleitoral e na revisão estatutária que se avizinham, convocamos a comunidade a empreender a construção de novos caminhos para a UFPE, diferentes dos atuais. O Brasil não pode prescindir do potencial pleno de suas universidades públicas.

Nós não podemos nos contentar com uma universidade tolhida e frustrada. Se queremos verdadeiramente uma universidade autônoma, de qualidade e socialmente compromissada, precisamos estabelecer na UFPE um pacto universitário pela qualidade, pelo compromisso e pela eficiência, e perseguir coletivamente a sua aplicação.

Por uma UFPE reformada, eficiente e combativa!