Reunião supera crise entre PT-PSB

Mário Flávio - 11.07.2012 às 07:45h

A presidente Dilma Rousseff não deseja que as divergências entre o PT e o PSB nas eleições municipais contaminem o governo federal. Ela recebeu os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, e do Ceará, Cid Gomes, quando o assunto foi passado em revista, numa conversa de três horas, presentes também o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Para Paulo Bernardo não se conseguiu chegar a uma conclusão de onde começou a divergência.

Onde não fizemos alianças, vai haver disputa eleitoral. E Dilma disse que não se deve confundir uma eleição municipal com um projeto nacional, “onde somos aliados e estamos do mesmo lado há muito tempo”. No encontro, aliás, o desejo de permanecer foi salientado. E a avaliação foi que a aliança nacional entre PT e PSB “se sobrepõe a qualquer questão local”. Eduardo Campos também está na mesma linha: “Não vamos trazer de forma nenhuma para o plano nacional ou o plano estadual as divergências de um município aqui e outro acolá”. E confirmou que o PSB vai continuar apoiando o governo federal. E confirmou que o partido vai manter a aliança nacional com a presidente.

E explica que “o PSB nunca foi um partido de barganha, não. Crescemos fazendo política com coerência, com lealdade, mas sem submissão.” E negou qualquer relação desses episódios com a sucessão presidencial em 2014: “Não interessa ao PSB nem a presidente Dilma criar qualquer crise ou dificuldade. Temos muito claro, e a presidente tem muito claro, que o PSB é um aliado de primeira hora, é um aliado correto que traz conteúdo positivo para o governo. Temos claro que o nosso objetivo é ajudá-la a fazer um grande mandato para poder ser candidata em 2014 com apoio do PSB.”

Dilma também concorda que questões municipais não devem contaminar o governo federal. E o ministro Paulo Bernardo observou que não se deve confundir uma eleição municipal com um projeto nacional, “onde somos aliados e estamos do mesmo lado há muito tempo.”
Longa reunião

Foram três horas de reunião, num jantar no Palácio da Alvorada, ao final do qual Eduardo Campos, anunciou que “a paz está selada” e que não há a menor intenção de envolver a presidente Dilma Rousseff em um debate sobre eleições municipais. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também participou do jantar onde estava presente ainda o governador do Ceará, Cid Gomes.
A causa

O rompimento de alianças para as eleições nas prefeituras de Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, foi que levou os dois partidos a lançarem candidaturas próprias e a especulação sobre a intenção do governador pernambucano concorrer em 2014 à presidência criaram um clima de certa reserva. Mas o próprio Eduardo Campos se apressou em anunciar apoio do PSB à reeleição da presidente Dilma: “Nossa tarefa é ajudá-la a fazer um grande governo e poder ser reeleita”, assegurando que ela “tem esta prerrogativa em 2014”. E foi além: “nós não entendemos como o PSB, a esta altura, vai colocar uma candidatura se não existe esse campo político. Se nós fôssemos ter uma candidatura, nós deixaríamos o governo hoje e passaríamos a dizer à sociedade brasileira qual é a divergência que nos separa da presidente Dilma”.
E mais

O dirigente do PSB disse ainda que o partido “soma e não divide” e que a presidente “sabe quem somos nós, de onde nós viemos, qual é o conteúdo da relação”. Diante de indagações envolvendo Lula, Campos observou: “Lula é uma liderança que está acima dos partidos. É maior do que o PT, maior do PSB, PC do B e PDT juntos. Lula é uma referência do povo e não se pode transformar o Lula em um instrumento de lutas politicas passageiras”. Para Eduardo Campos, “não interessa ao PSB ou à presidente Dilma criar qualquer crise ou qualquer dificuldade”. E emendou: “a presidente tem claro que o PSB é um partido de primeira hora, é um aliado correto, que traz conteúdo positivo para o seu governo e que o objetivo do partido é ajudá-la a fazer um grande mandato para poder ser uma candidata em 2014 com apoio do PSB”.