Na semana que passou a imprensa caruaruense em todos os seus meios e, mais ainda, as redes sociais, trataram com justa razão, das denúncias de possíveis maus tratos contra animais de rua dentro do Canil Municipal da nossa cidade. Os títulos e manchetes foram os mais sensacionalistas possíveis: “A sexta-feira 13 e a matança dos animais”; “ Animais São Mortos Constantemente em Caruaru”; “ Matança Desordenada nas Ruas da Cidade”, são alguns dos exemplos dos títulos e manchetes usados.
As organizações não-governamentais de defesa dos seres vivos multicelulares fizeram a festa. Captaram e proliferaram as imagens dos animais pela internet, viveram os seus 15 minutos de fama nas emissoras de rádio e televisão e até receberam a solidariedade de um Deputado Federal, Ricardo Izar, que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais do Congresso Nacional, (Leia-se animais irracionais, porque os outros do Congresso sabem defenderem-se muito bem).
O que se questiona é se não houve precipitação nas acusações e falta de tempo para que se prove que tudo o que aconteceu estava dentro da Lei. O Diretor do Departamento de Controle e de Vetores, Edmilson Patriota, disse: “todos os sacrifícios realizados em Caruaru obedecem ao processo designado pelo Ministério da Saúde. No entanto, abrimos um inquérito administrativo a fim de verificar se houve irregularidades nesse processo. Mas ressalto que nós temos toda a documentação necessária, que inclui os laudos dos veterinários que atestam que os animais deveriam ser sacrificados. Então, temos a confirmação de profissionais competentes, por isso essas denúncias não correspondem à realidade”.
Na democracia capitalista precisamos ter todos os cuidados. As inversões de valores estão aí. Querem um exemplo? Vejam: “Hotéis para cachorros têm fila de espera”, eis a manchete da Folha de São Paulo (28/12/11), falando dos “cachorrinhos de madames” que são mais bem tratados, tem mordomias que a maioria dos “humanos” não possui. Existem filas para os humanos sim; são filas dos sem-terra que querem plantar, são filas dos sem-teto que querem morar; são filas de pedintes que querem comer. É a “democracia capitalista”.
Cuidado, gato e cachorro merecem todo respeito, mas não podem servir de álibi em momentos político-eleitorais. A não ser na democracia americana do norte, tendo em vista que o candidato que irá enfrentar o já presidente dos EUA Barack Obama nas eleições é o republicano Mitt Romney. Os dois estão tecnicamente empatados em intenções de voto. Segundo uma pesquisa realizada pelo site especializado RealClearPolitics, Obama tem 45,6% e Romney 43,6% das intenções de voto. Com números tão próximos cada detalhe conta, até mesmo o comportamento dos dois candidatos em relação ao seu cachorro pode fazer a diferença nas urnas. O cachorro de Obama é Bo, o de Romney, é Seamus. Barack Obama tem como seu principal cabo eleitoral o cão Bo, dado às filhas como uma promessa caso ele vencesse sua primeira eleição como presidente. A popularidade de Bo tem superado a do próprio dono e por essa razão sua imagem tem sido usada constantemente na companhia da família, em reuniões e até mesmo no material de campanha.
*Pedro Luís é universitário da UFPE