O risco político de Fernando Haddad

Mário Flávio - 10.11.2013 às 12:25h

Da IstoÉ

Ao assumir o comando da prefeitura de São Paulo no começo deste ano, Fernando Haddad (PT) apresentou-se como um gestor de primeira linha. Disse que uma de suas prioridades era equilibrar o orçamento municipal, pois herdara uma cidade numa situação de insolvência. Em conversas com aliados, já prenunciava dificuldades nos primeiros meses de gestão. O que nem a população nem o PT, seu próprio partido, esperavam é que, na tentativa de solucionar os problemas, Haddad se envolveria em tanta polêmica e tomaria iniciavas tão impopulares em menos de um ano de mandato. A mais controversa delas é o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Em uma canetada, condenada por 89% da população, Fernando Haddad ampliou em até 20% o valor pago em 2014 pelos contribuintes nos tributos de imóveis residenciais e em 35% para o comércio e a indústria. Pesquisas que chegaram à cúpula do PT, nos últimos dias, mostram um grande abalo na imagem de Haddad. O desgaste é tamanho que nem mesmo o fato de seu governo ter desmantelado um antigo esquema de corrupção operado por funcionários públicos serviu para retirá-lo da agenda negativa. Até na cúpula petista já há quem considere que, diante da atual conjuntura, o prefeito da capital paulista deixou de ser uma arma política e transformou-se num fardo na estratégia do partido de conquistar o governo do Estado de São Paulo em 2014. “Já vimos isso em 2004, quando a (ex-prefeita) Marta (Suplicy) criou vários impostos em São Paulo e ficou conhecida como Martaxa”, lamentou um cardeal petista, para quem Alexandre Padilha, o pré-candidato do PT ao governo, terá de manter uma distância regulamentar de Haddad se quiser obter êxito eleitoral no próximo ano.

Para setores do partido, desde que assumiu o comando da capital paulista, Haddad demonstrou características pouco recomendadas a um político de qualquer época. É fechado ao diálogo e costuma ser intransigente. Foi assim na questão da passagem de ônibus. Mesmo com as manifestações populares de junho ganhando cada vez mais força pelo País, o prefeito mostrou-se irredutível em baixar a tarifa do transporte público em R$ 0,20. Só recuou depois que várias capitais anunciaram a redução. O posicionamento do prefeito de São Paulo foi ainda mais radical no aumento do IPTU.