Audiência Pública debate situação da seca em Pernambuco 

Mário Flávio - 16.03.2015 às 18:21h

Alternativas para a convivência com a seca foram discutidas em audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura, com o apoio dos colegiados de Desenvolvimento Econômico e de Meio Ambiente. O encontro aconteceu no Plenário da Assembleia, na manhã desta segunda (16), e teve a participação de representares dos Governos Estadual e Federal, além da sociedade civil, de gestores municipais e de parlamentares. O foco foi o gerenciamento dos recursos hídricos e a busca por ações que se antecipem à estiagem.

De acordo com o deputado Miguel Coelho (PSB), presidente da Comissão de Agricultura, a ideia é ouvir os envolvidos e produzir um documento com sugestões para apresentar ao Poder Executivo. Para o assessor especial da Codevasf, José Machado, o problema da seca exige uma política de Estado. Ele relatou que, de cada dez poços perfurados, cinco estão secos ou improdutivos, porque não há alimentação dos lençóis freáticos. A construção de pequenas barragens é ação que tem garantido a sobrevivência de pequenos produtores no período da seca, assim como a distribuição de cisternas.

Luís Henrique Bassoi, pesquisador da Embrapa Semiárido, defendeu que o aumento da capacitação e assistência ao produtor irrigante pode permitir que se produza com menos água. Sobre a situação das chuvas, Marcelo Asfora, diretor presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), alertou que o déficit acumulado nos últimos anos tem fragilizado os sistemas de captação já existentes. Neste mês de março, tradicionalmente o mais chuvoso do Sertão, há acúmulo de 19%.

Roberto Tavares, presidente da Compesa, acrescentou que o momento exige uma mudança de prioridades para garantir a sobrevivência dos sistemas de captação de água. Tornar permanente o Comitê Integrado de Convivência com a Estiagem foi uma das medidas adotadas pelo Poder Executivo, segundo anunciou o secretário de Agricultura e Reforma Agrária do Estado, Nilton Mota. A ideia é integrar secretarias de Governo e a sociedade civil em ações emergenciais. O diretor do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), Walter Gomes de Souza, destacou atividades como perfuração de poços e construção de cisternas e de pequenas adutoras.

O presidente da Associação dos Municípios de Pernambuco, José Patriota, alertou para a falta de um marco legal e de instrumentos de monitoramento, gerenciamento e educação. Já Pio Guerra, presidente da Federação de Agricultura de Pernambuco, defendeu que os homens públicos tratem a seca como um problema que afeta a todos e não apenas a uma região.