Vamos para a história. No dia 27 de maio de 1969, há 44 anos, foi assassinado num matagal próximo a cidade universitária, no Recife, o padre Antônio Henrique Pereira Neto, que tinha apenas 29 anos de idade. A vítima apresentava sinais de tortura com várias facadas e hematomas no tórax e no rosto, além de duas balas alojadadas no crânio e pescoço.
O padre era professor de Sociologia nos colégios Marista e Vera Cruz, além de lecionar na Escola Técnica de Pernambuco e era amigo pessoal de Dom Hélder Câmara. Ele era ainda o responsável pela Pastoral da Juventude do Recife. O padre estudou nos Estados Unidos, onde se especializou em trabalho ligado a problemática dos jovens de sua geração.
O padre Henrique, em suas aulas, protestava contra o atentado à bala ao estudante Cândido Pinto Melo, que ficou paralítico, e acusava o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e a Polícia de Pernambuco de tê-lo torturado. Dez dias antes da morte, o Padre Henrique recebeu um telefonema de ameaça do CCC, alertando para que ele parasse com as denúncias entre os estudantes porque não se resposabilizaria pela sua integridade física.
A justiça nunca chegou a um veredicto e o processo prescreveu, mas a Comissão Estadual da Memória e da Verdade “Dom Hélder Câmara”, com base em relatórios confidenciais do Serviço Nacional de Informações (SNI) e do Centro de Informações da Marinha, os responsáveis pelo crime foram o Cabo Rivel Rocha e Humberto Serrano de Souza (já falecidos) e Rogério Matps Nascimento e Jerônimo Gibeson Duarte Rodrigues, ambos do Comando de Caça aos Comunistas.
*Tavares Neto é Radialista há 40 anos e faz parte da memória viva da política de Pernambuco