Álvaro Porto: “Não tenho a menor condição de permanecer no PSDB”

Mário Flávio - 01.04.2024 às 13:33h

Do Blog da Folha

Eleito para o terceiro mandato como deputado estadual pelo PSDB, com pouco mais de 46 mil votos, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), planeja sair da legenda. Segundo ele, não existe mais relação com o partido. Em conversa com a Folha de Pernambuco, o parlamentar analisou o cenário político nacional, falou sobre as próximas eleições e detalhou como se deu a aproximação com o prefeito do Recife, João Campos (PSB).

O seu grupo político está indo todo para o Republicanos?

“Tem uma parte que está indo para o Republicanos, alguns já estão em outras legendas como MDB, Podemos, PSB. Há candidatos também do PP que são do meu grupo. Temos mais de 20 candidatos a prefeito, uns no poder e outros disputando a primeira vez. Temos que trabalhar pelo nosso grupo político e pelo que a gente acredita. Vamos rodar o Estado.”

Mas o senhor também vai mudar de partido?

“Eu não sou candidato este ano, então não tenho a necessidade de sair para outra legenda agora. Mas, do jeito que está se desenhando, eu não tenho a menor condição de permanecer no PSDB. A relação com o partido não existe. Fui eleito pelo PSDB e desde o primeiro momento sempre acompanhei a governadora Raquel Lyra (PSDB). Mas, no desenrolar desse último ano, houve essa questão: quando ela não quis mais continuar na presidência do PSDB-PE chamou os três únicos deputados estaduais da legenda, eu, Izaías Régis e Débora Almeida, para comunicar que estava colocando Fred Loyo para a substituir. Não foi uma conversa. Foi um comunicado.”

Mas o senhor tem bom relacionamento com Fred Loyo (presidente do PSDB em Pernambuco)?

“Me dou bem com ele. É um homem de bem e um empresário competente, bem-sucedido, mas no momento em que a governadora comunicou o nome dele eu comuniquei a ela que não colocaria ninguém dos meus candidatos no PSDB. Então, é questão de tempo. Não vou continuar no PSDB.”

E depois de tudo que aconteceu, como ficou a relação com a governadora Raquel Lyra Existe decepção depois do apoio que o senhor deu na campanha?

“É uma relação institucional. Politicamente e pessoalmente, a gente não se encontra. Mas o que for bom para o Estado e chegar na Assembleia, a gente despacha para as comissões. Sabemos que o mundo político é difícil. A pior coisa que existe na política é a ingratidão. Então, hoje, politicamente estou afastado da governadora, todos sabem disso. Mas a relação institucional não será atrapalhada em nada. O povo de Pernambuco não será prejudicado.”

A sua relação com o prefeito do Recife tem sido cada vez mais próxima. Já podemos chamar de aliança?

“A gente vem conversando. Antes não havia diálogo com o pessoal do PSB. Começamos a nos aproximar depois das últimas eleições, quando alguns colegas me chamaram para entrar na disputa da presidência da Alepe. O PSB, com 13 deputados, se prontificou e foi o primeiro a me dar apoio. Eu esperava o apoio do Governo do Estado e não tive, porque a preferência da governadora era pelo deputado Antônio Moraes (PP). A partir disso, venho dialogando com João, um jovem que está crescendo muito na política e fazendo um belíssimo trabalho no Recife. Acho que ele vence as eleições no primeiro turno e estamos estreitando a relação cada vez mais. Sabemos que a política é dinâmica e vamos aguardar o que virá mais na frente.”

Como presidente da Alepe, o senhor pretende levantar a bandeira da independência do Poder Legislativo até o final do seu mandato?

“Está mais do que comprovada a independência da Assembleia. Claro que existem as divergências dentro da Casa, mas a união permanece. Tem as discussões no Plenário e é normal, mas há harmonia dentro na Casa. É preciso haver harmonia também com todos os poderes e nós temos diálogo com o Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, Ministério Público. O Governo do Estado, quando precisar da Assembleia, estaremos dispostos também a dialogar, desde que sejam coisas boas para Pernambuco.”