Artigo – A Bomba relógio na mão do Bolsonaro – por Gabriel Duarte*

Mário Flávio - 29.10.2018 às 09:31h

Desde a eleição de Trump o comentário no meio liberal / conservador é o mesmo: “Bolsonaro será eleito pela esquerda, da mesma forma que Trump.” E assim se concretizou. Lembro que na época, Jonathan Pie fez o comentário mais lúcido possível dizendo a mesma coisa: Trump foi eleito pela esquerda.

Parafraseando o Pie: “nem todos que votaram no Trump são machistas ou racistas, alguns são mas a maioria não é. A maioria das pessoas não votou nela não por ela ser mulher, não votaram nela por ela não ter apresentado mudança palpável alguma.”

Essa eleição no Brasil foi uma reprise da eleição americana apenas alternando o elenco. Nada foi tão previsível como essa vitória. Mas isso é o de menos.

O novo presidente já começará o mandato com três bombas para desarmar: reforma da previdência, reforma tributária e medidas anticorrupção. O mercado escolheu Bolsonaro como candidato após a derrota de Alckmin e Amoedo, mas o mercado não funciona como aquele eleitor desinteressado, que após eleger o político, o esquece e só voltará a lembrar daqui a quatro anos. A contagem regressiva já começou, e as cobranças começarão em breve! o mercado quer que as reformas necessárias sejam feitas o mais rápido possível. E, por mais que não pareça tão importante aos olhos do cidadão comum, isso é tão importante para os Brasileiros quanto para o mercado.

A dívida bruta do país deve superar os 90% do PIB em 2019 se medidas não forem tomadas já. Simplificando o argumento: se essas e outras reformas não forem feitas, em dez anos não sobrará dinheiro para nenhuma área social, e o país quebrará. É importante que o novo presidente tenha consciência disso.

E ainda o cheiro de crise global que está no ar. a cada dia isso se intensifica. As bolsas tecnológicas americanas despencando (inclusive com aumento na taxa de juros dos EUA), os mercados europeus e chineses sangrando dentre outros fatores que complicarão a vida do próximo presidente do brasil. Essa leve recuperação da BOVESPA e queda do dólar não refletem em muita coisa. É apenas uma amostra do sentimento de alívio dos investidores. O pepino que ele terá que descascar é maior do que ele pensava.

Jair tanto brigou e quis se mostrar preparado para enfrentar essa briga que agora terá o prazer de enfrentar um dos momentos mais difíceis do Brasil, com crise social, cultural e econômica. Desejo sorte no seu mandato, que o faça bem feito e cumpra com o que foi prometido. Pois o mercado irá cobrar, e a conta vai chegar logo.

É melhor Jair trabalhando.

*Gabriel Duarte é do Movimento Livres