Artigo – Perspectiva econômica positiva para mercado imobiliário e da construção? – por Pedro Neves*

Fábio Belo - 17.12.2018 às 11:58h

Há uma grande expectativa, no mercado, de um novo ciclo de crescimento econômico. Esta expectativa se ampara na tendencia dos principais indicadores econômicos, além da possibilidade de uma efetiva resolução dos problemas emergentes no âmbito fiscal (previdência).

Entre os setores, os quais mais se aguarda uma recuperação, destacam-se o imobiliário e o da construção civil. Este dois setores tem sua relevância devido à capacidade de geração de emprego e por estarem diretamente ligado com a infraestrutura. Existe uma grande correlação entre o crescimento da construção civil e eletricidade e gás, por exemplo. Sendo assim, a construção civil é um importante drive de expansão econômica no país.

O ritmo de crescimento ainda é lento, quando observado de forma geral, mas analisando alguns indicadores de forma separada é possível enxergar uma grande possibilidade de um novo ciclo de crescimento deste setor. O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aponta um crescimento de 3,5% para Construção Civil, no terceiro trimestre de 2018. O setor imobiliário, por sua vez, obteve um crescimento na comparação dessazonalizada de 1,0% no terceiro trimestre de 2018, ficando atrás apenas para os segmentos transporte, armazenagem e correio (2,6%) e comércio (1,1%). Segundo dados da Câmara brasileira da Industria da Construção – CBIC, houve um avanço de 23% nas vendas de imoveis no terceiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período de 2017.

Os efeitos sobre a geração de empregos, apesar de tímidos, já podem ser observados. Em relação à construção civil, apesar de ainda apresentar queda no total de ocupados, há uma desaceleração significativa as suas taxas de contração do emprego, indicando uma retomada do dinamismo no setor, que, de fato, já aparece nos dados do Caged. O setor de serviços foi o responsável por 88% de todas as vagas criadas, com destaque para os segmentos “administração de imóveis e valores, serviços mobiliários e técnicos” e “serviços médicos, odontológicos e veterinários”, que, juntos, geraram 81% de todas as vagas do setor, segundo nota do IPEA.

É importante observar o grau de concordância entre as fases de expansão e recessão atividade econômica com o setor imobiliário e da construção. Ou seja, sempre que há uma expansão, ou fim de um ciclo de recessão na economia, estes setores tendem a acompanhar. Outro ponto de analise, é a duração do período de recessão desse setor. Pesquisadores do estado do Ceará, identificam que o tempo de duração recessivo para o setor da construção civil é em torno 3,5 trimestres, avaliando o desempenho da economia entre 1996-2017. Isto significa que, são grandes as chances do fim do período recessivo está se esgotando.

O cenário ainda exige desconfiança, ainda mais que um contexto internacional conturbado e que pode gerar efeitos na dinâmica doméstica. Não se deve negar também a dependência do setor com as políticas fiscais e monetárias, além de programas governamentais, como o Minha Casa minha vida, que representa cerca de dois terços dos projetos imobiliários no país. Contudo, há sinais de uma recuperação em marcha. Já a sustentabilidade é outra história.

*Pedro Neves é economista