Ontem foi um dia que nos levou a muitas reflexões, cobrando-nos, como partido, um esclarecimento público:
Enquanto Lula, a cúpula do PT, muitos pré-candidatos interessados em aliar-se à imagem do ex-presidente, prefeitos, vice-prefeitos que já defenderam Aécio Neves e o impedimento da presidente, por exemplo, estavam aqui a afirmar uma coisa, na Câmara Federal, contraditoriamente o discurso petista sobretudo era outro.
Em suas falas na Avenida Rui Barbosa, no Grande Hotel e na Fazenda Normandia frisavam o golpe em curso contra a democracia, denunciavam a perda de direitos sociais e condenavam o governo ilegítimo de Temer. À noite, na eleição da Câmara, aliaram-se com quem eles chamam de golpistas, apoiaram o PMDB de Tony Gel majoritariamente no primeiro turno e depois se alinharam com o DEM, o PSDB de Raquel Lyra e outros que estiveram à frente das articulações para o impedimento de Dilma, garantindo assim a vitória de Rodrigo Maia. Vitória da turma que diz que Lula já deveria estar preso.
O Prefeito José Queiroz deve esta à sociedade caruaruense: de que lado finalmente ele está? Do Aécio e seu grupo, a quem ele apoiou ou de Lula, Dilma, do PDT, do PT e do PSB (de Jorge Gomes e Paulo Câmara), partido que abandonou seu histórico e aliou-se à direita na condução do golpe ? Ou será tudo uma coisa só?
Enquanto esta contradição é sentida por todos os caruaruenses, o PSOL, coerente com suas convicções e sua prática política, não participou do ato de ontem em Caruaru, lançou a deputada Luiza Erundina para a presidência da Câmara, obtendo 22 votos, embora a bancada do partido tenha apenas 6 parlamentares, bastantes atuantes, diga-se de passagem. Certamente votaram com o PSOL os deputados coerentes do PT e de outros partidos. No segundo turno, entre Maia e Rosso, o PSOL optou por não votar em nenhum, pois era como escolher entre o “gangster Cunha” e o ilegítimo governo Temer.
O PSOL-Caruaru reconhece entretanto que na política é preciso ser flexível em muitos momentos, é preciso negociar, fazer acordos sempre que possível. Contudo, como diz o nosso Deputado Estadual Edilson Silva: “há contradições que ferem a essência daquilo a que nos propomos. Há acordos e negociações que saem do ambiente do que é tático e possível e entram no terreno da mudança dos rumos estratégicos”
Vamos torcer para que este acórdão nada tenha a ver com abafar as investigações do MPF e da PF, sobretudo na Operação Lava Jato. Nós do PSOL continuamos sendo contrários ao golpe contra a democracia, mas somos ao mesmo tempo intransigentes na defesa daquilo que pregamos para apoiar ou pedir apoio àqueles que não conciliam propostas com nosso programa ideológico e preferem as benesses do poder, de que toda a corrupção seja investigada e os corruptos, políticos, empresários, servidores públicos e laranjas, sejam exemplarmente punidos. É o que esperamos em Caruaru, em Pernambuco, no Brasil.
*Comissário Zé Carlos de Lima Presidente do PSOL-Caruaru