Brasil garante até 48 milhões novas de doses de vacinas contra a Covid-19

Mário Flávio - 02.02.2021 às 11:25h

Com a expectativa de entrega de vacinas prontas e a chegada de três remessas do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), a matéria-prima dos imunizantes CoronaVac (feita pelo Sinovac Biotech/Instituto Butantan) e Covishield (da AstraZeneca/Universidade de Oxford/Fiocruz), originária da China, o Brasil vai garantir até 48,8 milhões novas de doses de vacinas contra a Covid-19.

A promessa é que 32,6 milhões destas estejam disponíveis para serem distribuídas entre os estados ainda em fevereiro — o restante, no começo de março.

Serão 17,3 milhões de doses de Coronavac produzidas a partir das remessas do IFA que chegarão neste mês e 31,5 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford — 7,5 milhões produzidas com o IFA que está para chegar, 10 milhões que serão importadas do Instituto Serum, da Índia, e até 14 milhões que serão entregues pela Covax Facility, coalizão global liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

No momento, todos os estados brasileiros já estão distribuindo um total de 12,1 milhões de doses de CoronaVac e da vacina da AstraZeneca/Oxford.

Butantan vai entregar até 100 milhões de doses até agosto
Para a próxima quarta-feira, 3, está prevista a chegada da carga da Sinovac Biotech em São Paulo. O prazo havia sido antecipado pelo presidente do Butantan, Dimas Covas, na semana passada. Ontem, o material já se encontrava no Aeroporto de Pequim. São 5.400 litros do IFA da CoronaVac, quantidade capaz de produzir 8,6 milhões de doses da vacina de vírus inativado.

Nesta segunda-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou em coletiva de imprensa que a China liberou mais 5.600 litros dos insumos da vacina da Sinovac. O material é suficiente para produzir mais 8,7 milhões de doses, segundo Doria, e sua entrega será feita no próximo dia 10.

De acordo com Dimas Covas, diretor do Butantan, está em curso o processo para a liberação de mais 8 mil litros em Pequim, mas ainda não há data para o envio ao Brasil. Ele disse ainda que as vacinas produzidas com o lote de matéria-prima que chega nesta semana começarão a ser entregues ao Ministério da Saúde no próximo dia 25.

Com as duas cargas de insumos, a produção local deverá chegar a 600 mil doses diárias em São Paulo. A leva liberada nesta segunda-feira pelos chineses ficaria pronta no início de março. Até o momento, segundo o Butantan, a meta de entregar 8,7 milhões de doses ao Ministério da Saúde por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) até o último domingo foi cumprida.

O Butantan estima que até agosto consiga entregar ao Programa Nacional de Imunização (PNI) os 100 milhões de doses de vacina contra o coronavírus negociados com governo federal.

Já no caso da vacina Covishield, cujo fornecimento ao Brasil foi firmado através de um acordo entre a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e a Fiocruz, a primeira remessa do IFA, que permitirá a produção de 7,5 milhões de doses do imunizante, está atrasada. Ela ainda depende de liberações alfandegárias na China, segundo a instituição. No entanto, a expectativa é que a carga seja direcionada ao Brasil no próximo dia 8. O contrato firmado com a farmacêutica previa o envio dos insumos ainda em janeiro para iniciar o processo de fabricação até o dia 12 de fevereiro.

O acordo, firmado em julho do ano passado, prevê o envio de 14 lotes do IFA, totalizando 100,4 milhões de doses até o fim do primeiro semestre. Na tentativa de contornar o atraso, o governo federal fechou a aquisição de dois milhões de doses prontas da Covishield em dezembro com o Instituto Serum, da Índia, que também atrasaram pela demora da liberação da exportação pela Índia. Mais um acordo está em andamento desde janeiro para o envio de outras 10 milhões de doses da vacina importadas do Serum.

No último sábado, a Covax Facility, coalizão global liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou que o país receberá de 10 a 14 milhões de doses da fórmula da AstraZeneca ainda neste mês.

Tanto no acordo entre o Butantan e a Sinovac quanto no contrato firmado entre AstraZeneca e a Fiocruz está prevista a transferência de tecnologia para a produção nacional do IFA, o que eliminaria a dependência do Brasil de insumos importados em um momento de alta demanda global por vacinas. Na previsão da Fiocruz, o início da produção nacional pode começar no segundo semestre a depender de trâmites burocráticos. Já no caso do Butantan, a fabricação do IFA pode ser viabilizada apenas no ano que vem.

Fonte: oglobo.globo.com