Ciro diz que se Temer assumir o governo, PDT vai para a oposição

Mário Flávio - 09.05.2016 às 07:19h

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O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) declarou em Aracaju neste final de semana que se Michel Temer assumir a presidência da República, no dia seguinte o PDT estará na bancada da oposição.

Ele voltou a dizer que o vice-presidente é aliado de Eduardo Cunha e que o seu eventual futuro governo seria um “desastre”, especialmente para os mais pobres.

Também estarão na oposição, se Temer assumir o governo, o PT, o PCdoB e o PSOL. A entrevista do ex-ministro foi dada ao site 247. Confira:

Qual o objetivo destas viagens que o senhor tem realizado pelo Brasil?

Ciro – A nossa mensagem assentada numa tradição já muito generosamente reconhecida pelo povo brasileiro, pelo menos por aqueles que amam a nossa história de um trabalhismo preocupado com um modelo de desenvolvimento nacional, que promova a superação das desigualdades. É um chão muito fértil onde estamos semeando, hoje, basicamente duas tarefas que parecem contraditórias: Uma é proteger a democracia. As pessoas ficam discutindo filigranas, protocolos, formalidades, formalismos, mas na prática o que está acontecendo no Brasil hoje é que uma presidente eleita pelo povo, contra quem não pesa nenhuma acusação sob o ponto de vista moral, está sendo derrubada para ser substituída pela mão de políticos ladrões, corruptos e descompromissados com a sociedade brasileira e com a questão nacional. Na prática é uma eleição indireta com um candidato único. De outro lado, a nossa tarefa é propor caminhos de mudança, porque o governo só está desconstituído e sofrendo esta agressão porque o nosso povo está muito angustiado com os rumos da economia, da gestão moral dos negócios do Estado brasileiro. Há um erro grave e nós temos que propor uma alternativa.

O senhor acredita que o afastamento tardio de Cunha fez parte da estratégia para consolidar impeachment da presidente Dilma?

Ciro – Não acho. Isso me levaria, se eu acreditasse nisso, ao terror impossível de se conviver com ele, de que o Supremo Tribunal Federal estivesse neste envolvimento. As pessoas têm razão de estar aborrecidas, mas os tempos do Judiciário a gente precisa entender. A representação do Rodrigo Janot foi em dezembro, depois entrou o recesso e as férias do Judiciário, depois tem que abrir prazo de defesa. Não existe um precedente sequer na história constitucional brasileira de o Tribunal afastar um deputado do seu mandato, mesmo preso. Só poderia, em tese, na ordem anterior a esta modernizante decisão, ser cassado pela Câmara. Isso é uma contradição, até porque, na Constituição, se o presidente da República contra ele receber uma denúncia, ele é afastado, se o ministro do STF receber uma denúncia é afastado, e talvez um deputado, por coleguismo, deixou assim essa faculdade, que agora o Supremo revoga a bom tempo. É importante para o país, para o jovem aprender que a política não é um pardieiro de pilantras e espertalhões, que se autoriza fazer o que bem entender, desde que seja um safadão impune. Não o Wesley Safadão, meu conterrâneo, de quem eu sou fã, mas estou falando de um picareta como Eduardo Cunha, que é um gângster. De outra parte, o impeachment é um golpe, porque o pretexto jurídico não existe. Não há o cometimento de crime de responsabilidade pela presidente Dilma. E você vê toda essa pantomima, todo este teatro onde ninguém muda um voto. Mas eu acho que muda, se o nosso povo for para a rua pressionar o Senado.

O PDT fará oposição ao eventual governo Temer?

Ciro – Evidentemente, caso se consume este golpe, o PDT, pela nossa responsabilidade história e coerência política, movimentará uma oposição dura, franca, aberta e transparente do governo golpista do senhor Michel Temer.