Citado por Youssef, Aécio escapa da lista de Furnas

Mário Flávio - 19.03.2015 às 07:49h



Do Jorna O Globo

O doleiro Alberto Youssef afirmou em um dos depoimentos de sua delação premiada que ouviu do ex-deputado José Janene e do presidente da empresa Bauruense, Airton Daré, que o senador Aécio Neves (PSDB) dividiria uma diretoria de Furnas com o PP e que uma irmã dele faria uma suposta arrecadação de recursos junto à empresa citada. Youssef disse não saber como se daria essa arrecadação por parte do PSDB. Os investigadores chegaram a apresentar uma foto de Andréa Neves, irmã do senador, mas Youssef disse nunca ter estado com ela.

O depoimento sobre Aécio Neves está na parte dos vídeos da delação premiada que foi divulgada nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram prestadas no dia 12 de fevereiro deste ano, quando o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República voltou a Curitiba (PR) para ouvir o doleiro em relação a pessoas com foro privilegiado. As citações a Aécio foram arquivadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), seguindo proposta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por se tratarem de acusações indiretas, sem que Youssef tenha fornecido elementos para aprofundar a investigação.

Youssef contou que auxiliava Janene e algumas vezes transportou recursos para ele originários de propinas pagas pela empresa Bauruense por contratos em Furnas. Isso teria ocorrido entre 1996 e 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso. Janene arrecadava entre US$ 100 mil e US$ 120 mil mensais, com pagamentos em espécie em dólares ou reais. Afirmou que ouviu o ex-deputado afirmar a correligionários do PP que a diretoria de Furnas seria dividida com o PSDB, mais especificamente com Aécio Neves.

— Ele conversando com outro colega de partido, então naturalmente saia essa questão que na verdade o PP não tinha a diretoria só, e sim dividia com o PSDB, no caso a cargo do então deputado Aécio Neves — disse Youssef.

O doleiro afirmou que tanto Janene quanto Daré citaram em algumas ocasiões que caberia a uma irmã de Aécio fazer a arrecadação de recursos na Bauruense. Em relação ao empresário, o argumento era usado para justificar o motivo de não poder repassar mais recursos a Janene.

— Ele (Daré) estava discutindo valores com o seu José (Janene) e dizia: não posso pagar mais porque tem a parte do PSDB. Aí você acaba escutando — afirmou o doleiro.