A eleição de 2022 terá algo diferente em relação aos demais pleitos: o fim das coligações para eleger os membros do legislativo, seja na esfera estadual ou federal. Essa conta vem tirando o sono de muitos parlamentares graúdos, que entrariam com facilidade na regra anterior e agora fazem contas para manter os mandatos e buscam cada voto espalhado pelo estado.

Essa conta ajudou até a montar uma chapa majoritária, como foi o caso de Marília Arraes. Ela recrutou o deputado federal Sebastião Oliveira, que isolado no Avante, ficou sem ter como ser reeleito. Com isso, acabou aceitando o convite de Marília para ser o vice na chapa. Problema similar outras legendas enfrentam. Para eleger um deputado estadual em 2022, o coeficiente eleitoral deve girar em torno de 85 mil a 90 mil votos e um federal, cerca de 180 mil.

Diante de um cenário tão complicado, partidos tradicionais correm o risco de ficarem sem mandato e bons deputados não renovarem os assentos na Câmara ou Assembleia. A Federação Cidadania/PSDB tem em Daniel Coelho o puxador de votos. No entanto, com a saída de Guilherme Coelho para disputar o senado ao lado de Raquel Lyra, Daniel ficou em situação complicada, já que os demais nomes com ele na federação não empolgam. Com isso, Daniel pode ter até 100 mil votos e não entrar.

Situação parecida vivem MDB e PDT. O primeiro, provavelmente só elegerá um deputado federal e numa hipótese muito pouco provável, dois. Raul Henry e Iza Arruda irão brigar pela vaga. Analistas acreditam que Iza se articulou melhor e pode levar vantagem sobre Raul. No entanto, o ex-vice-governador ainda tem uma carta na manga, com alianças em importantes municípios e votação maciça na Região Metropolitana do Recife. Tonynho Rodrigues e Ninho correm por fora e ajudarão nessa conta.

No PDT, a situação é complexa para estadual e federal. Zé e Wolney terão que se desdobrar para manter os mandatos. Ex-prefeito de Caruaru por quatro mandatos será o puxador de votos no partido, mas Caruaru, principal reduto de ambos, em 2022 lançou muitos nomes e aliados históricos de ambos estão apoiando outras candidaturas de menor porte.

Wolney vive o melhor momento da carreira política e exerce a liderança da oposição na Câmara. Além disso, ele lidera o partido e recusou vários convites para mudar de partido e ter uma reeleição tranquila. O pedetista espera por uma boa votação de Dr. Sidney Ribeiro, por exemplo, para chegar a eleger um. Nesse caso entraria um ou outro, mas essa conta para fechar não é fácil e o PDT pode não eleger nenhum.

O mesmo vale para um ex-pedetista. Túlio Gadelha foi para a Rede, mas a legenda de Marina Silva, mesmo numa Federação com o Psol, não conseguiu juntar tantos nomes de potencial eleitoral e o deputado corre o risco também de perder o mandato. O curioso é que em todos os casos citados acima, os nomes terão muitos votos, mas podem ganhar e não levar, como acontece todos os anos na politica. A conferir.

Fernando Rodolfo…
Dos nomes de Caruaru que estão na disputa o mais próximo de uma eleição, na teoria, seria Fernando Rodolfo. O PL deve conseguir eleger três nomes, pela ordem: André Ferreira, Pastor Eurico e mais um. Como os dois primeiros devem atingir o coeficiente, o terceiro nome pode entrar até com uns 40 mil votos. Com isso, Fernando poderia ter menos votos que em 2018 e entrar. A diferença é que hoje ele tem uma estrutura bem mais sólida em relação a eleição anterior.

…No entanto
O problema é a entrada de Dilson Oliveira na disputa. Pesquisas mostram que ele tira votos de Fernando em Caruaru e o jornalista corre contra o tempo para evitar a desidratação eleitoral e pelo menos manter os 28 mil votos da eleição passada aqui na cidade. No entanto, Dilson vem crescendo e chama atenção como vem aparecendo nas pesquisas. Mas Fernando aposta nas alianças formadas em várias cidades espalhadas pelo estado.

Problema pra Dilson…
A candidatura de Dilson vem sendo bem aceita entre os eleitores, o problema dele é a concorrência no União Brasil. Para ser eleito ele terá que ficar na frente de Mendonça Filho, Luciano Bivar e Fernando Filho. Todos são potenciais candidatos de mais de 100 mil votos. Nas contas do União Brasil, a legenda deve fazer justamente três deputados e numa hipótese muito positiva, até quatro. Dilson seria esse nome. Mas não é fácil e se a votação de Miguel Coelho não for boa, pode ficar em apenas dois eleitos.

…Uma curiosidade
Dilson e Fernando Rodolfo decidiram entrar na vida pública após comandarem programas de grande audiência na Tv e Rádio Jornal Caruaru. E os dois foram praticamente lançados pelo jornalista Augusto Netto, que hoje está na assessoria de Fernando Rodolfo. Mesmo sem serem rivais diretos, ambos terão uma eleição a parte, para saber quem será o mais votado na Capital do Agreste.

Desempenho dos majoritários…
Os candidatos a deputados federais esperam ainda por um bom desempenho dos nomes que disputam o governo do estado, para que ajudem no aumento no número de vagas. Essa conta está nos palanques de Marília Arraes, Anderson Ferreira, Raquel Lyra, Miguel Coelho e Danilo Cabral. Uma situação curiosa e que o PSB deve eleger o maior número de deputados, mesmo com Danilo em 5º atualmente nas pesquisas.

…Marília apenas dois
Já a líder nas pesquisas, Marília Arraes deve eleger apenas dois nomes para a Câmara Federal. A irmã dela, Maria Arraes e Fabíola Cabral. Os demais nomes devem ajudar com a contagem de votos. No entanto, se Maria subir muito a votação, uma surpresa pode ocorrer e um terceiro nome ser eleito, mas essa hipótese é pouco provável. Zé da Luz e Zé Augusto Maia seriam os nomes mais fortes, mas ambos ainda não tiveram as candidaturas liberadas pelo TRE de Pernambuco.

Mais uma polêmica do STF…
Mais uma decisão que gera repercussão. Ontem, o Ministro Edson Fachin estabeleceu restrições sobre o número de armas e munições que podem ser vendidas a caçadores, atiradores e colecionadores.
A decisão suspende artigos de decretos e portarias feitas pelo governo de Jair Bolsonaro, que permitiam a compra das armas com maior facilidade. O que diz a decisão: O início da campanha eleitoral “intensificaria o risco de violência política”. Por isso, Fachin entendeu que há extrema urgência para se voltar às regras do estatuto do desarmamento, que são mais rígidas.

…Reação
A resposta veio rápido. O vice-presidente, Hamilton Mourão, foi ao Twitter para afirmar que “o judiciário extrapola suas atribuições”. Para ele, decisões como essas, que interferem em atos de outros Poderes, seriam absurdas. O número de armas cresceu bastante no Brasil. Em julho de 2022, o Brasil atingiu 1 milhão de armas de fogo nas mãos dos caçadores, atiradores e colecionadores. Isso representa um crescimento de 187% em relação a 2018, último ano anterior ao atual governo. Apesar do aumento substancial de armas, o número de homicídios no país não cresceu. Na realidade, no ano passado houve uma queda de 7%, atingindo o menor patamar desde 2007.