Coluna do Mário – O affair de Zé Carlos com o PSOL e o aval de João

Mário Flávio - 25.07.2012 às 00:46h

O ex-vereador Zé Carlos Menezes é uma importante peça tabuleiro de xadrez do vice-governador João Lyra (PDT). Integrante do diretório petista em Caruaru, ele decidiu tomar uma posição que seguiu os passos de João, ao deixar o palanque do prefeito Zé Queiroz, embora tenha ido um pouco além: declarou abertamente apoio ao candidato a prefeito Fábio José (PSOL), ao ser integrado como coordenador de campanha da coligação Caruaru Pode Mais – Por um Socialismo de Verdade.

Ele não está fora do PT, pediu uma licença do partido, assim como pediu uma licença sem previsão de volta do grupo de Zé Queiroz. Na bagagem de argumentos do petista contra o prefeito, estão as críticas já conhecidas de que não há diálogo com Queiroz e Zé Carlos ainda citou o descontentamento que sentiu por afirmar que a base do governo não apoiou Raquel Lyra (PSB) nas últimas eleições estaduais.

O discurso de Zé Carlos é da busca pela renovação. Assim como João, ele certamente descarta qualquer possibilidade de apoiar uma força de direita como o Democratas. No entanto, há o grupo de Fábio, que ensaia a via alternativa na cidade e representa uma articulação legítima de esquerda, ainda mais porque o PSOL é uma dissidência do PT.

Diante desse contexto, a adesão de Zé Carlos à campanha do PSOL caiu como uma luva nos planos de João Lyra, mesmo que o vice-governador não tivesse cogitado tal possibilidade. Mas agora, o eleitorado fiel de João que não se sente motivado nem pra votar em Queiroz, nem em Miriam, pode voltar os olhos para o desconhecido Fábio com um pouco menos de desconfiança, ainda que seja necessária uma estratégia forte para dar musculatura ao grupo dele.

Pelo menos, Zé Carlos acabou afiançando o PSOL ao assumir a campanha e isso pode significar uma referência direta à imagem de João Lyra. E mais, essa é uma demonstração mais perigosa do Fogo Amigo, praticamente inimigo, de Lyra contra a base do governo. Isso porque, de acordo com os planos do vice-governador, é aceitável deixar um de seus escudeiros fieis puxar votos para um outro candidato de esquerda, jovem e que também aponta falhas na atual gestão.