
Da Folha
O partido Avante oficializou, neste sábado (29), a pré-candidatura do deputado federal André Janones (MG) à Presidência da República. O parlamentar aproveitou a cerimônia para fazer críticas a outros pré-candidatos e defendeu múltiplas candidaturas da chamada terceira via, que tenta quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O lançamento ocorreu durante evento do Avante em um hotel no Recife com a presença de lideranças nacionais do partido.
Janones surpreendeu a cena política após aparecer com 2% das intenções de voto em pesquisa divulgada pelo Ipec em dezembro. O índice foi o mesmo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Nossa candidatura não é mais uma, porque ela representa os interesses do povo brasileiro. Com o atual presidente, o Brasil continuou refém das amarras ideológicas, só mudou de lado. O povo continuou sendo coadjuvante em todas as decisões”, disse ele, em discurso.
O presidente do partido, deputado federal Luis Tibé (Avante-MG), alfinetou Doria ao discursar. “O Avante formou uma unidade em torno de André. Estamos vendo algumas candidaturas de pessoas ditas ilustres que racharam o partido quando se lançaram. E André Janones ainda sem ser candidato já pontuava igual a esse candidato.”
O tom de comparação com Doria foi um dos principais motes do lançamento do pré-candidato do Avante. “A gente conseguiu essa pontuação [na pesquisa do Ipec] sem lançamento de campanha e sem mobilizar as redes sociais. Apenas o apoio de Deus e do povo brasileiro. Enquanto tem gente governando o maior estado do país, andando há três anos e não conseguiu decolar”, afirmou Janones.
O deputado descartou a possibilidade de abrir mão da postulação mais à frente em prol de apoio a outro candidato à Presidência. André Janones classificou Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) como puxadinhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT), respectivamente.
“As pessoas não migraram para uma terceira via porque perceberam que é mais do mesmo. O eleitor que vota em Bolsonaro não vê muita diferença se for para Moro e os eleitores de Lula não veem muita diferença em mudar para Ciro. É trocar seis por meia dúzia”, acrescentou.
O deputado ainda se mostrou favorável ao lançamento de múltiplas candidaturas à Presidência, indo na contramão, por exemplo, de Doria, que já defendeu publicamente a unidade da terceira via em torno de um único nome.
“Sou a favor da oxigenação da política, nem sou de esquerda nem de direita. Vejo com bons olhos a proliferação de candidaturas. Não vejo a necessidade de unir em torno de um nome apenas”, disse Janones.
Em entrevista coletiva, o pré-candidato do Avante disse ter votado em Fernando Haddad (PT) no primeiro e no segundo turno das eleições de 2018 em repreensão a Jair Bolsonaro.
“Bolsonaro nunca foi e nunca será uma opção de voto. Jamais me permitiria votar em um misógino, racista e homofóbico. Tive como única alternativa viável Fernando Haddad.”
Entre as principais propostas de Janones está a implantação de um programa de renda mínima para pessoas na faixa de pobreza no Brasil. Em discurso a apoiadores, o deputado criticou questionamentos sobre a origem de recursos para a efetivação do programa, mas não entrou em detalhes sobre a viabilização do benefício.
O deputado não descartou a possibilidade de realização de plebiscitos para que a população defina medidas de um eventual mandato presidencial. Ainda criticou o que tachou como inversão de prioridades nos debates no atual governo.
“Uma minoria tenta pautar o debate do país com pautas de costumes, como escolas sem partido, ideologia de gênero. A população quer saber de comida na mesa, de melhoria do transporte, do preço da gasolina e do gás.”
André Janones, 37, é natural de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, e formado em Direito. O primeiro emprego dele foi como cobrador de ônibus. Depois, com a graduação, montou um escritório de advocacia.
Em 2016, foi candidato a prefeito de Ituiutaba, mas acabou na segunda colocação, perdendo no primeiro turno da eleição.
Dois anos depois, esteve na linha de frente do apoio à greve dos caminhoneiros em Minas Gerais, o que levou o seu número de seguidores a saltar para 1 milhão nas redes sociais.
Em 2018, Janones foi o terceiro mais votado de Minas Gerais, com 178.660 votos, na disputa por uma das cadeiras na Câmara dos Deputados.
Como parlamentar, despontou com o impulso das redes sociais, nas quais acumula 8 milhões de seguidores. Durante a pandemia de Covid-19, ganhou destaque na plataforma com transmissões ao vivo sobre o auxílio emergencial.
O pré-candidato a presidente disse que o combate à desigualdade social e à fome estarão entre suas prioridades, caso seja eleito.