Deputados retornam com previsão de acirramento dos conflitos na Assembleia 

Mário Flávio - 02.08.2015 às 08:54h

  

Do Jornal do Commercio

Após 33 dias de recesso parlamentar, os deputados estaduais retornam, segunda-feira (03), às atividades na Assembleia Legislativa sob previsão de um semestre de embates mais acirrados entre governistas e oposicionistas, inflamados pela crise financeira do Estado, a crise econômica do País e a crise política entre o governo Dilma (PT) e a Câmara dos Deputados.
A promessa é de reedição da troca de responsabilidades por obras inacabadas, multiplicação das audiências públicas e pressão sobre o desempenho das contas do governo Paulo Câmara (PSB), além de uma convergente expectativa sobre a arrecadação e as prioridades das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Orçamentária Anual (LOA) de 2016. 
Mais do que a politização da agenda técnica, há uma projeção – nas duas bancadas – de que vão surgir rupturas na base adversária, dissidências que irão reforçar um e outro campo político, provocadas por disputas internas de pré-candidatos às eleições municipais do próximo ano.A torcida – nos dois lados – é que as insatisfações aflorem a partir de 30 de setembro, com o fim do prazo do calendário eleitoral para mudança ou filiação partidária.
A aposta é que não será possível conter o debate em cada bancada, devido aos interesses conflitantes e o número de pretendentes, principalmente cidades-chave como o Recife, Olinda, Jaboatão, Caruaru e Petrolina.
Em nome do decoro entre as bancadas, deputados pedem discrição, mas não se negam a revelar a aposta de cada lado. “A disputa vai levar alguns deputados (da maioria) a começarem a exercer a sua cidadania na Casa. Se isso for mal conduzido (pelo governador Paulo Câmara), pode haver arrumações eleitorais e reforço para nosso campo”, analisa um oposicionista. “Vão aflorar contradições e conflitos na oposição, como no Recife. Edilson Silva (PSOL) e Sílvio Costa Filho (PTB) pensam iguais?”, prevê um governista.
Equilibrada em meio ao cabo de guerra entre governo, com 35 membros, e oposição, com 13, a deputada independente Priscila Krause (DEM) – também cotada para a disputa do Recife, embora o partido esteja na Frente Popular – revela que terá o olhar prioritário sobre o balanço do 2º quadrimestre do governo, a LDO e o Plano Plurianual (PPA). “Vamos ver a arrecadação e se a crise financeira se aprofundou ou não. O Estado está no limite prudencial de pessoal (Lei de Responsabilidade Fiscal) e há problemas na saúde que são também de qualidade da gestão”, relata.
O líder do governo na Casa, Waldemar Borges (PSB), antecipa que defenderá que Pernambuco (o que inclui a oposição) “cerre fileiras” em torno do pleito do governo para que a presidente Dilma autorize os Estados a contraírem empréstimos para investimentos. “Nossas dificuldades foram criadas por uma política econômica nacional desastrosa. Se não quer transferir recursos, que permita os empréstimos”, propõe Borges.
O contraditório é aplicado, porém, pelo líder da oposição, Sílvio Costa Filho (PTB). O deputado afirma que, passados sete meses, a bancada vai cobrar ao governo Paulo Câmara “que mostre a sua cara”. “Não há nenhuma nova obra multiplicadora no Estado, nem novos investimentos. O governo está preso a uma agenda do passado”, condena.