Fim das coligações gera dor de cabeça para grupos políticos em Caruaru

Mário Flávio - 17.07.2019 às 07:35h

A mudança eleitoral com o fim das coligações virou uma dor de cabeça para os grupos majoritários que estão sendo montados de olho na eleição 2020 para vereador em Caruaru. As novas regras dificultam a montagem de grupos e os políticos estudam com muita paciência uma legenda para disputar o pleito que se aproxima.

Escolher um partido não será fácil. As chamadas chapinhas acabaram e quem quiser disputar, terá que entrar em pé de igualdade com os que já têm mandato, por exemplo, e isso deixa o jogo desigual para os novatos.

O motivo principal para se formar coligações era obter um maior tempo de propaganda no rádio e na TV e, ao fim, conseguir mais votos para a coligação de partidos, para que sejam eleitos os candidatos com as maiores votações nominais dentro dela – não só do partido. Ajudavam no chamado coeficiente eleitoral.

A conta é bem simples: a cada 7500 votos será eleito um vereador no partido e os futuros parlamentares devem ir para uma sigla que tenha bons candidatos, com boas perspetivas de votos, mas também, isso pode significar uma situação delicada para alguns.

As novas regras criam dificuldades também para os candidatos a prefeito. Eles não terão apenas que pensar nas próprias candidaturas, escolher bons nomes para vices, mas oferecer condições reais de eleição para os postulantes ao legislativo e a matemática não será fácil para convencer futuros aliados.

A mudança também beneficiou os partidos e deixou as legendas mais fortes. Os puxadores de votos estarão dentro dos próprios partidos e não mais nas coligações. O exemplo mais vivo na memória é certamente o do deputado federal Tiririca (PR/SP). Reeleito em 2014 com pouco mais de um milhão de votos, Tiririca foi responsável por “puxar” outros cinco candidatos de baixíssima expressão eleitoral. Mas ele não foi o único: entre tantos outros, destaca-se o ex-deputado Enéas Carneiro, que em 2002 recebeu um milhão e meio de votos e puxou outros cinco candidatos, um dos quais tinha recebido apenas 275 votos. Mais recentemente, temos o caso do deputado federal Delegado Waldir, que em 2018 foi o mais votado nas eleições em Goiás (274 mil votos), sendo responsável por puxar outro nome que havia feito somente 31 mil votos, desbancando 11 outros candidatos com melhores votações.

As coligações passam a existir apenas para as eleições majoritárias (prefeitos, governadores e presidente). Outra mudança que também trouxe muita dificuldade é a questão envolvendo as mulheres. A mulher será disputadíssima pelos partidos políticos para concorrer às eleições municipais de 2020 com o fim das coligações nas proporcionais (vereadores). Se antes, nas coligações, as legendas dividiam a cota de 30% para candidatas mulheres, agora, cada partido precisa montar a sua própria chapa. Isso levará à corrida para filiação de mulheres dispostas a enfrentar campanha eleitoral. Sobre assunto a gente aborda amanhã aqui no blog.

Raquel Lyra…

A prefeita Raquel Lyra deverá ter quatro partidos com boas candidaturas a vereadores. PSDB, Cidadania e DEM. No entanto, outra legenda que pode ainda ter candidaturas é o Patriota. As legendas devem contar com as candidaturas de nomes de peso como Lula Tôrres, Leonardo Chaves, Edmilson do Salgado, Ricardo Liberato, Ranilson Enfermeiro, Alysson da Farmácia, Tafarel, Rozael do Divinópolis, Heleno do Inocoop, Pastor Moyses e Presbítero Andrey. A conferir.

…Tony Gel

Já o grupo liderado pelo deputado estadual Tony Gel deverá contar com três partidos para ser uma base junto ao legislativo municipal. O MDB, Solidariedade e alguma legenda que possa vir da Frente Popular. Quem trabalha nessa questão é o próprio Tony junto ao filho dele, empresário Tonynho Rodrigues e o articulador Davi Cardoso. Eles garantem que em breve terão novidades.

Zé Queiroz…

A mesma conta de Tony será parecida com a de Zé Queiroz. O deputado estadual terá no PDT o partido puxador de votos e deve contar ainda com mais duas ou três legendas. Nessa conta podem vir PT e PSB, tudo vai depender muito das articulações do deputado federal Wolney Queiroz.

…E Lessa?

O deputado estadual Erik Lessa conta atualmente apenas com o Progressistas. O antigo PP pode atrair os nomes que irão apoiar o Delegado numa nova investida ao Palácio Jaime Nejaim. Ele garante que vai respeitar as decisões do partido.

Fernando Rodolfo

O deputado federal aposta na articulação de Luciel Emerson para trazer nomes de peso para disputar vagas na Câmara Municipal. O radialista Antônio Silva e o jornalista Augusto Netto são os cotados para a disputa, mas ambos devem ganhar mais aliados. Essa costura estará sendo feita e o PL será o partido mais forte nesse quesito.

O partido de Bolsonaro

O PSL é outra legenda que espera ter um bom número de candidatos e pode surpreender na eleição do ano que vem para vereador. O partido deve ter Silvio Nascimento candidato a prefeito e aposta nos possíveis nomes com perfil mais conservador. Aqui na cidade esse tipo de eleitor sempre existiu. Empresários, profissionais liberais e mulheres com tendências mais à direita estão na mira da legenda.

Raffiê Dellon

Apenas com o PSD em mais o pré-candidato Raffiê Dellon também corre contra o tempo para buscar nomes para ter uma chapa forte para a eleição proporcional. Atualmente o partido conta com os vereadores Galego de Lajes, Pierson Leite e Italo Henrique, mas dificilmente o trio ficará na legenda. O primeiro vota em Tony Gel e os outros dois devem migrar para o palanque de Raquel Lyra.

Lembrando

O fim das coligações é para a eleição de vereador. Nas questões envolvendo a eleição para prefeito a regra é a mesma e os partidos podem coligar para apoiar o nome do possível chefe do Executivo.