Governador do Acre é alvo de operação da PF e tem R$ 120 mi em bens bloqueados

Lucas Medeiros - 09.03.2023 às 16:25h
(Imagem: Edilson Rodrigues/ Agência Senado)

A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) deflagraram, na manhã desta quinta-feira (09), a Operação Ptolomeu III, visando desarticular uma suposta organização criminosa envolvida em ilícitos de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à cúpula do Governo do Acre.

A ação conta com apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e da Receita Federal (RF).

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), é investigado, mas não foi alvo de buscas e apreensões. Ele terá que cumprir algumas medidas, como não poder fazer contato com outros alvos da investigação, não poderá deixar o país e terá de entregar o passaporte à Justiça em até 24 horas.

Desde as primeiras horas da manhã, mais de 300 policiais, com apoio de servidores da CGU e Receita, cumprem 89 mandados de busca e apreensão nos estados do Acre, Piauí, Goiás, Paraná, Amazonas e Rondônia, além do Distrito Federal.

A investigação tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e constitui desdobramento das fases I e II, deflagradas no ano de 2021, quando foi identificada organização criminosa, controlada por agentes políticos e empresários ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que teriam atuado no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos, através da lavagem de capitais.

Nesta terceira fase da investigação, a Polícia Federal busca o ressarcimento de parte dos valores possivelmente desviados dos cofres públicos. Nesse sentindo, o STJ determinou a indisponibilidade de aproximadamente R$ 120 milhões, por meio do bloqueio de contas e sequestro de aeronaves, casas e apartamentos de luxo adquiridos como proveito dos crimes. Na mesma decisão, 15 empresas investigadas tiveram suas atividades econômicas suspensas por determinação do STJ.

O tribunal também decretou ainda inúmeras medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais a suspensão do exercício da função pública, a proibição de acesso a órgãos públicos, o impedimento de contato entre os investigados e a proibição de se ausentar do país, com a entrega de passaportes no prazo de 24 horas.

O nome da operação faz referência ao apelido utilizado por um dos principais suspeitos de ser operador do esquema criminoso, além de aludir à cidade natal de parte dos investigados. Ptolomeu foi um cientista, astrônomo e geógrafo de origem grega que primeiro catalogou a Constelação do Cruzeiro do Sul em seu livro Almagesto, produzido no século II.