Do Diario de Pernambuco
Governadores do Nordeste se encontram neste momento em Salvador (BA) para discutir temas de interesses da região e instalar o Consórcio Interestadual Sustentável do Nordeste, criado em março deste ano. Essa, pelo menos, é a pauta oficial prevista para o encontro, que é realizado no Centro Administrativo da Bahia. Além disso, espera-se também uma reação conjunta dos gestores contra o presidente Jair Bolsonaro, que, há pouco mais de 10 dias, fez declarações que foram consideradas discriminatórias com a região e seus moradores.
Além do pernambucano Paulo Câmara, que chegou às 9h45 no encontro, e do anfitrião Rui Costa (PT-BA), já estão presentes os governadores Wellington Dias (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN), João Azevêdo (PSB-PB) e Belivaldo Chagas (PSC-SE). A vice-governadora do Ceará, Izolda Cela (PDT), está na reunião, já que o governador Camilo Santana (PT) está com uma virose, segundo a assessoria de imprensa do governo cearense. O vice-governador de Alagoas, Luciano Barbosa (MDB), representa o Renan Filho, chefe do executivo do estado. Até o momento, o governador Flávio Dino (PCdoB) não chegou ao Fórum.
Também foram convidados para o Fórum do Nordeste em Salvador os senadores baianos Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD) e o ex-ministro da Previdência nos governos Lula e Dilma Rousseff, Carlos Gabas. Há expectativa de que também seja discutida a Reforma da Previdência, que será votada em 2º turno na Câmara dos Deputados no dia 6 de agosto. Por enquanto, o texto aprovado em 1º turno não incluiu estados e municípios.
Ainda nesta manhã, os gestores nordestinos pretendem divulgar as primeiras medidas do Consórcio do Nordeste, criado em março e compartilhado entre os nove estados região após aprovação das Assembleias Legislativas. A iniciativa tem como objetivo firmar parcerias entre as unidades federativas, bem como economizar recursos financeiros.
Com o consórcio, a expectativa é de que poderão ser feitas, por exemplo, compras compartilhadas entre os Estados. Isso reduz, em tese, os custos dos produtos e dos serviços. As alianças entre os estados poderão acontecer nos âmbitos de desenvolvimento econômico e social, infraestrutura, tecnologia, segurança pública, administração prisional, meio ambiente, entre outras áreas.
Diante do cenário de embates com o Governo Federal, a reunião na Bahia passou a ter também um caráter mais simbólico, considerando que o governador Rui Costa (PT) foi escolhido como primeiro presidente do consórcio para um mandato de um ano. Além disso, vale lembrar que o petista não apenas reagiu contra as declarações de Bolsonaro, mas resistiu à presença dele no seu estado. Na última terça-feira, o governador não compareceu à cerimônia de inauguração do Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, que contou com a presença do presidente. Na ocasião, Bolsonaro protagonizou uma nova polêmica ao reclamar da atitude do governador, que não liberou a Polícia Militar para fazer a segurança da comitiva presidencial. Rui Costa, por sua vez, afirmou ser o evento “exclusivamente federal” e caberia às forças federais fazer a escolta do presidente e não a PM, “uma instituição estadual”, justificou o petista na ocasião.
Jair Bolsonaro criou um conflito com a região Nordeste durante café da manhã com jornalistas estrangeiros, no Palácio do Planalto, no dia 19. Em uma conversa informal com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ele afirmou “que daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão (Flávio Dino). Não tem que soltar nada para aquele cara”. As palavras do presidente repercutiram negativamente e provocou reações de autoridades e moradores dos estados nordestinos, que expressaram suas opiniões nas redes sociais. Para se defender dos ataques, Bolsonaro, quando esteve na Bahia, usando um chapéu de vaqueiro, negou ter ofendido o povo do Nordeste e disse ser irmão dos nordestinos.