O dia 5 de julho de 2015 o senador Aécio Neves era reconduzido à presidência nacional do PSDB. O tucano reassumiu o principal posto do partido sem o apoio integral dos caciques. Talvez estivesse adivinhando que dois anos depois, Aécio estaria enrolado até o pescoço com a Operação Lava Jato. Nesta terça-feira (4), após ele voltar ao mandato, usou à Tribuna e disse que foi vítima de armação. O discurso gerou críticas Brasil a fora. Segue abaixo a reportagem veiculada a época da convenção do PSDB.
Matéria exibida em 5 de julho de 2015
Terminou agora há pouco em Brasília a convenção do PSDB. O senador Aécio Neves foi reconduzido à presidência nacional da legenda. O evento foi realizado em Brasília, onde líderes de oposição fizeram discursos inflamados contra Dilma Rousseff e o PT. No entanto, faltou unidade dos próprios tucanos sobre a apresentação de uma possível proposta para resolver a crise no Brasil. Alguns tucanos defenderam a convocação de novas eleições, a partir da impugnação da vitória obtida por Dilma em 2014. Houve também sugestão para que o país adote o Parlamentarismo como modelo político.
O PSDB afirma que estuda o cenário para decidir qual será a posição final do partido. “Hoje grande parte do Brasil espera a nossa posição. Por isso, ela será responsável”, afirmou Aécio em seu discurso.
BRIGA INTERNA – Antes mesmo de pensar em qualquer ato o PSDB precisa resolver a situação interna. O principal problema é a eleição presidencial de 2018. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se apresenta como pré-candidato à Presidência e deverá disputar a indicação do PSDB ao Palácio do Planalto. O senador José Serra (PSDB-SP), que já perdeu duas disputas presidenciais, corre por fora como terceiro postulante. Ele defendeu a adoção do Parlamentarismo “a partir das eleições de 2018”, o que significa que não apoiaria a derrubada de Dilma e a convocação de novas eleições ainda em 2015. “Eu quero fazer uma proposta ao partido para que discutamos o Parlamentarismo”, disse.
Já Aécio, que perdeu a eleição para Dilma no ano passado por uma apertada margem de votos, ao receber 51 milhões confirmações nas urnas, confia nesse recall para se manter na dianteira da preferência do partido. O primeiro passo para isso foi costurar um acordo com Alckmin e Serra para que todos se afinassem o discurso de defesa de “unidade” entre os tucanos. O acordo vale até as eleições municiais de 2016. Depois disso, a concorrência interna deve ganhar corpo.