Em entrevista, o vereador explica o polêmico requerimento que pede a criação do “Polo da Diversidade”, e destaca que o projeto tem como objetivo combater o preconceito.
Quando pensou no requerimento do “Polo da Diversidade”, o que o vereador pretendia?
Jajá – Estão falando por aí que eu estou querendo separar o público LGBT da sociedade, e não é essa a minha proposta. Nunca pensei em afastar a classe LGBT da sociedade em geral. Pensei, e ainda penso, que esse projeto irá beneficiar a todos. Por que o “Polo da Diversidade”? Para que as pessoas possam se sentir à vontade em um ambiente onde haja música eletrônica, DJs, e tudo mais. E aí muitas pessoas têm me questionado se estou propondo um espaço onde os homossexuais possam se beijar ou fazer o que bem entendem. Em nenhum momento eu disse isso. O respeito deve existir.
Então em nenhum momento esse projeto teve como objetivo criar um espaço somente para o público LGBT, ou seja, que houvesse separação entre hetero e homossexuais?
Jajá – Não. Em nenhum momento pensei isso. Isso seria constrangedor, do mesmo jeito que a gente fica constrangido quando um casal heterossexual fica se beijando ou “passa dos limites” em público. Todos somos iguais, e temos os mesmos direitos. Quando criaram o “Polo do Repente” estavam excluindo os artistas? Quando criaram o “Polo das Quadrilhas” estavam desmerecendo esses grupos? Claro que não. Estavam dizendo apenas que eles mereciam um espaço no São João.
Seria um espaço somente para diversão, ou o parlamentar tem alguma outra idéia para o “Polo da Diversidade”?
Jajá – Tenho sim. Com o apoio dos vereadores e o Poder Executivo, espero que sejam feitas ações como panfletagem, brincadeiras e que sejam ministradas palestras sobre a necessidade de respeitar as pessoas. E distribuir preservativos, porque essa também é uma oportunidade de conscientizar sobre os riscos de uma vida sem cuidados. Tudo respeitando o público e também os homossexuais, mostrando que a classe LGBT não pode ser representada somente por coisas vulgares ou “extravagâncias”.
Em entrevista, o vereador disse que “preferia não balançar a bandeira da classe LGBT dentro da Câmara”, correto?
Jajá – Prefiro não balançar muito essa bandeira porque não fui eleito somente pela classe LGBT. Fui eleito pela sociedade caruaruense, então devo satisfação a todos os meus eleitores. Até porque estou na Câmara de Vereadores para defender os interesses da sociedade caruaruense. Repito a dizer: fui eleito pela população para representar bem cada pessoa que me deu um voto. Não é para estar aqui brincando, ou escutando piadas sobre os meus projetos. Cada um acha o que bem entende, mas o meu dever é representar o povo.
Na sessão da terça-feira (16), o vereador também apresentou um projeto para comemoração do “Dia do Orgulho Gay”, dentro do calendário junino. Muito se especula sobre este projeto, inclusive de que isso é considerado um exemplo de homofobia ou preconceito, porque muitas pessoas entendem que não precisam de uma data comemorativa para se sentir bem vindos ao Pátio de Eventos. O senhor poderia explicar melhor esse projeto?
Jajá – Quando líderes de grupos LGBT locais me incentivaram há propor esse dia, eu até cheguei a pensar que isso seria uma forma de preconceito. Mas, desde a sessão da última terça-feira (16), quando a maioria dos vereadores me procuraram buscando explicações sobre o projeto, tenho percebido que isso [criação do “Dia do Orgulho Gay”] seria ótimo. Claro que será muito importante termos o “Polo da Diversidade”, mas ter também um dia no palco principal, seria muito bom. Um momento para mostrarmos que, com respeito, fazemos a diferença. Em nenhum momento eu disse que esse dia seria a oportunidade de fazer o que bem entender no Pátio. Claro que não. Seria um dia para fazer a diferença.