Com informações de Folha de São Paulo, Estadão e CartaCapital
Na noite dessa quinta (13) jornalistas de diferentes veículos de comunicação nacionais acabaram se tornando vítimas da Polícia Militar enquanto cobriam as manifestações de no centro de São Paulo.
Sete jornalistas do grupo Folha foram feridos com balas de borracha ou atingidos por spray de pimenta de policiais militares de São Paulo enquanto cobriam as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus na região central. Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa.
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone teve a região do olho direito atingida por uma bala de borracha e foi hospitalizada. Giuliana foi socorrida por funcionários de um estacionamento. Outros cinco jornalistas da Folha também foram atingidos. Um deles, o repórter-fotográfico Fábio Braga, foi atingido por dois disparos. Um atingiu o rosto e o outro a virilha.
Curioso é que, em contrapartida, a edição de quinta (13) do Folha de São Paulo trazia o editorial Retomar a Paulista, cobrando ações mais duras da Polícia, em um texto similar ao que foi publicado no editorial do Estado de São Paulo da mesma data. Fora a trágica ironia de essa “dureza” acabar sobrando também para os jornalistas da própria empresa, em nota o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse que lamenta os episódios e determinou a “abertura imediata de investigações, pela Corregedoria da PM, para apurar rigorosamente os fatos”.
O vídeo abaixo mostra momento em que a polícia atinge um grupo de jornalistas durante a manifestação
REPÓRTER DA CARTA CAPITAL DETIDO POR PORTAR VINAGRE
Em outra situação, o repórter Piero Locatelli, de CartaCapital, foi solto na noite da quinta-feira 13, após ter sido preso durante duas horas antes na Praça do Patriarca, no centro de São Paulo, por portar vinagre. A polícia teria entendido que se tratava de substância não identificada. Informada da prisão pela redação de CartaCapital, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse mais tarde em nota que “o secretário Fernando Grella determinou que a Corregedoria da Polícia Militar apure episódios envolvendo fotógrafos e cinegrafistas durante manifestação realizada desta quinta-feira 13, no centro de São Paulo”.
O fotógrafo do Terra Fernando Borges também foi detido. De acordo com informações do portal, ele portava crachá de imprensa, equipamento fotográfico e se apresentou como jornalista, mas foi levado pelos policiais. Borges passou 40 minutos detido juntamente com manifestantes, mas depois foi liberado. Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condenou a prisão do jornalista de CartaCapital. “A Abraji pede que o repórter Piero Locatelli seja posto em liberdade para que possa seguir cobrindo a manifestação e lamenta que a polícia novamente impeça o trabalho da imprensa.”
Em repúdio à detenção, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo disse em comunicado ter enviado ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça de São Paulo, Ouvidoria das Polícias de São Paulo, Corregedoria das Polícias Civil e Militar, Comandos da PM e GCM, ao Palácio dos Bandeirantes e à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), exigindo providências contra as arbitrariedades ocorridas contra os jornalistas. “Tendo em vista que muitos jornalistas foram agredidos e detidos por autoridades policiais enquanto realizavam seu trabalho jornalístico, fato ocorrido na última manifestação e amplamente divulgado pela imprensa, solicitamos garantia à integridade física e o direito à liberdade de imprensa aos jornalistas que cobrem o evento para que possam trabalhar sem o “risco” de serem detidos ilegalmente ou constrangidos no exercício da função de informar o cidadão sobre este acontecimento de importância pública relevante.”
O vídeo abaixo registra o momento em que o repórter da Carta Capital é abordado pela PM por portar vinagre