Opinião – A educação e o aniversário de Caruaru – por Arnaldo Dantas*

Mário Flávio - 18.05.2013 às 09:25h

“Uma mentira dita cem vezes, torna-se uma verdade”. Essa frase dita por Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, tornou-se ao que parece a máxima do marketing político nos dias atuais. Nossos políticos para ganharem a eleição e exercer seus mandatos se valem de qualquer artifício ou embuste para manter o povo alienado e assim, distante dos seus reais interesses e intenções. Projetos, propostas e promessas são puros sofismo ou miragem criados e descartados de acordo com as circunstâncias ou ao bel prazer dos mandatários. O jogo político se tornou um jogo de mentiras e farsas, só os mais especialistas nessa arte tornam-se vencedores.

Os desafios dos educadores, e de todos que acreditam na democracia e enxergam o exercício pleno da cidadania: é acreditar na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, é lutar intensamente para inverter a lógica da mediocridade em que fomos jogados, é buscar desconstruir esse modelo autocrático, arcaico, clientelista e perverso em que estamos inseridos. No qual o poder público é loteado entre amigos e agregados enquanto a grande maioria da população sobrevive na completa exclusão social.

O que pretendemos é bem simples:
1° – ​Que a cidade se torne cidadã, ou seja, que todos possam participar de forma democrática do seu destino, pois a cidade não tem dono ou muito menos pode ser administrada em função de uma minoria privilegiada;

2° – Que os homens públicos honrem suas palavras e suas promessas. E o que foi dito nos palanques, nas praças, nas ruas, no meios de comunicação tornem-se uma realidade administrativa e uma agenda de governo;

3° – Que os nossos governantes escolham seus auxiliares pautados em princípios, como: ética, moral, sensibilidade social, honestidade e vocação para vida pública. A era dos oportunistas, incompetentes, lacaios e bufões tem que terminar;

4° Para os que se entendem gestores, percebam que não vivemos no país das maravilhas, pois governantes não são messias e muitos menos salvadores da pátria. Vivemos em uma sociedade com auto grau de exclusão, só com políticas públicas eficientes e democráticas resolveremos problemas como saúde, segurança, educação entre outros. (qualquer outra alternativa é puro fisiologismo e clientelismo);

5° – Que não se pode discutir educação sem educadores. A educação não é um mercado, nossos alunos não são consumidores e os conteúdos ensinados não podem ser entendidos como mercadoria de troca. A educação vista como um exercício pleno da cidadania é morta quando se coloca burocratas e técnicos vindos do mercado empresarial para cuidar de seus princípios. Entender de lucro é uma coisa, de cidadania é outra;

6° – A apologia à demagogia termina quando o governante acredita que a educação de qualidade passa necessariamente pela valorização dos trabalhadores em educação, pelo suporte pedagógico e estrutura física de cada escola, e principalmente como se darão as diversas formas de diálogo, participação e transparência entre os governantes, os trabalhadores em educação e a comunidade escolar. Qualquer outra opção é mera farsa;

O que podemos esperar no aniversário dos 156 anos da cidade de Caruaru: que seja uma cidade em sintonia com seu tempo, que tenha homens públicos capazes de entender suas demandas e necessidades, que se insira no século XXI, onde exista planejamento estratégico, agendas positivas, metas e ações que se materializem na vida cotidiana. Onde todos os habitantes possam ser chamados e se entendam como cidadãos. Onde os críticos não sejam vistos como hereges, ameaçados, perseguidos, chantageados execrados em praça pública. Onde o clientelismo e fisiologismo possam ser coisa do passado. E onde a gestão municipal possa ser pautada na modernidade e eficiência administrativa, na transparência, no diálogo e na participação popular.

*Colaboração do Professor Arnaldo Dantas para o SISMUC E ATEC e a todos os trabalhadores em educação.