O céu acinzentado de 15 de junho de 2020 representou a perda de cores na terra. Ficamos sem Jorge Souza. As informações indicam que ele morreu de enfarto. Coração de artista é mais sensível, mesmo. Sente as dores do mundo transformando-as em beleza. Seu nome era uma espécie de etiqueta no ambiente cultural de Caruaru e região. Com traços impressionistas em sua obra, Jorge era considerado um ‘Renoir’ do Agreste, traduzindo em seus quadros várias facetas do cotidiano. Nascido em Surubim, ele morava em Caruaru desde os 03 anos de idade, sempre declarando um enorme amor pela cidade. Prestes a completar 67 anos no próximo dia 24, mais de 40 anos de sua vida foram dedicados à carreira artística.
Ao observar alguns de seus quadros, é possível perceber uma relação com os pintores impressionistas europeus. Esse movimento surgiu na França no final do século XIX. Artistas como Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir e Edgar Degas são ícones impressionistas. Entre as características predominantes do segmento, há a valorização da decomposição das cores; o emprego de pinceladas soltas, no intuito de representar os movimentos na cena retratada na obra; e o uso de efeitos nas sombras coloridas e luminosas. No entanto, Jorge Souza não se limitava a reproduzir a essência impressionista. Ele a traduzia para o contexto hodierno, chegando a estabelecer relações entre o impressionismo (eivado de subjetividade) e o urbanismo (com isso, expondo um olhar ‘para fora’, para a cidade).
O ensino e a educação também estiveram presentes em sua biografia. Começou a sua carreira artística ainda na juventude, como autodidata. Com o passar do tempo, passou a frequentar salas de aula, não apenas como estudante, mas também como professor. Jorge Souza era especialista em História da Arte pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em um curso concluído em 2007. Entretanto, era professor de Artes Plásticas no Sesc Caruaru há mais de duas décadas. Em 1996 e 1997, dedicou-se a ministrar capacitações para orientadores de artes e produção cultural. Além de descobrir vários talentos por meio das aulas, ele inspirava gerações de novos artistas.
Seu olhar capaz de enxergar cenas e fenômenos variados entrava em consonância com sua habilidade manual de transformar sentimentos em imagens. Por entre telas, formas e cores, sua essência desprendeu-se do plano terrenal para, no Excelso plano, fulgir no Reino do Pai das Artes. Despedimo-nos de ti, Jorge, com saudade e gratidão.