Opinião – Autogestão é prioridade coletiva – por Paulo Naílson*

Mário Flávio - 14.10.2013 às 15:37h

Um grupo de caruaruenses participou recentemente de um encontro que discutiu moradia popular sob a ótica da autogestão e propriedade coletiva. O grupo ligado ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) compôs a delegação de Pernambuco para Santiago do Chile onde participaram do XIV Encontro da SELVIP, que aconteceu entre 6 a 9 de outubro. A delegação de Pernambuco foi composta por sete pessoas, sendo a maioria daqui de Caruaru (3), Paulista (1), Cabo (1) e Recife (2).

A SELVIP Secretaria Latino Americano por Moradia Popular é um espaço político onde se reflete a situação da Moradia na América Latina e ao mesmo tempo a questão da conjuntura política na nossa América latina. De dois em dois anos realizamos esse evento amplo com os países membros de SELVIP que são: Brasil, Argentina, Paraguai, Venezuela e o Equador e agora o Chile.

Eu conversei com Marcos Cosmos, que é da liderança nacional do MTST e membro da SELVIP, e participou da comitiva, ele falou da importância do encontro: “Esse espaço também proporciona realizarmos intercâmbio entre esses países no sentido de ampliar o conceito da autogestão como instrumento de buscar a independência política e econômica das entidades, cooperativas e associações, proporcionando formação política das nossas lideranças para que tenham uma visão mais ampla da luta pela moradia e autogestão na América latina.”

É uma maneira de analisar a conjuntura política em nível de América Latina de forma permanente, trazer a discussão para os estados e para os municípios envolvidos. No caso de Caruaru, há uma antiga discussão em torno das especulações imobiliárias, dos terrenos e principalmente dos loteamentos que acabam sendo muito atrativos na hora da pessoa adquirir o imóvel e anos depois os problemas de calçamento, saneamento e falta de infraestrutura acabam tornando o ambiente desordenado e indigno de morar.

CHEGAR E PARTIR, SÃO SÓ DOIS LADOS, DA MESMA VIAGEM
A frase é da música “Encontros e Despedidas” de Miltom Nascimento, e nestes dias fica bem adequado ao “vai e vem” da estação, digo, dos governos. Vejamos: com o embarque de Marina no PSB, Petebistas deixam o governo de Pernambuco (Detran, Secretaria do Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo) e na prefeitura de Recife (Secretaria de Saneamento); Entre os comissionados de Eduardo Campos, 969 vão sair e o PT, que não pretendia deixar já começou com o desembarque de Bruno Ribeiro do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social, mas, ainda tem lá a secretaria estadual de Cultura; a secretária municipal de Habitação; a presidência da EPTI, Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal e ainda, o secretário adjunto de Agricultura do governo estadual, Oscar Barreto.

Já na tarde de ontem 25 pessoas das principais tendências do PT ligadas a Humberto e João Paulo e com cargos no estado também partiram, e sinalizam que farão o mesmo na prefeitura da capital. E a Frente Popular vai se desmembrando e ganhando nova configuração. “Nada é para sempre”. É pertinente sim pensar como ficam os cargos do PCdoB no estado e em Caruaru, tanto quanto os do PT. Em Recife o vice-prefeito é do PCdoB, quem acompanhou a entrevista de Luciano Siqueira no Jornal do Commercio esta semana viu o tom de cautela e paciência. Já o PTB também “partiu”.

Em Caruaru, lideranças do governo vão precisar mais que jogo de cintura para superar as críticas e uma oposição que apesar de pequena encontra eco em boa parte da opinião popular. Com as duas demissões “descobertas” de uma base do governo da Câmara e aproximando-se do final do ano, internamente já aparece os burburinhos de demissões para a gestão se readequar ao que pede o Ministério Público ou ao novo cenário político que vai despontando. Com tantos fóruns e consultas já realizados, é necessário não perder o foco na CIDADE, com problemas reais a serem enfrentados e resolvidos..

O tempo vai passando e o cenário melhor se definindo, como diz a canção “Tem gente que vem e quer voltar, Tem gente que vai e quer ficar”…, foi sempre assim na mudança de gestão ou nesta fase que antecede a campanha e os acordos e alianças são firmados. Em vários casos “o trem que chega, é o mesmo trem da partida”.

PARA REFLETIR
“Caiado é um inimigo histórico dos trabalhadores rurais, das comunidades indígenas e foi o articulador da derrota do Código Florestal; ele e eu somos tão coerentes que, se a aliança prosperar comigo, ele mesmo vai pedir para sair, porque é completamente contrário às minhas idéias.” Marina Silva, em entrevistas aos principais jornais brasileiros, na semana passada.

*Paulo Nailson é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Cursa Serviço Social. Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos.