Opinião. Caruaru 2030, Democracia Participativa e nossa responsabilidade com o processo. Por Marcelo Diniz

Mário Flávio - 21.03.2012 às 11:12h

Pisar no presente e planejar o futuro. Tarefas fundamentais dos administradores que desejam passar à História como pessoas que contribuíram para os avanços alcançados pela sociedade. A cada dia, a consciência destas tarefas se faz mais presente no debate político e a própria dinâmica do desenvolvimento, retomada há pouco mais de uma década, no Brasil, ajuda a fazer com que o debate acerca do planejamento das nossas cidades conte cada vez mais com a atenção da população.

Formas diversas de participação popular têm sido implantadas, com vistas a promover o protagonismo social, fortalecendo o princípio da democracia participativa: Conferências, Seminários, Orçamento Participativo, etc.
Mas é preciso compreender claramente o papel que cada uma tem no jogo democrático, para não desconstruir inutilmente iniciativas que podem sim trazer novos conceitos e quebrar velhos paradigmas.

Recentemente a Prefeitura de Caruaru iniciou um diálogo com a sociedade a respeito do futuro da cidade, através do Seminário “Caruaru 2030 – Um Novo Modelo de Desenvolvimento”, organizado em três eixos, em que foram debatidos temas específicos acerca da temática central, cada um deles dividido em dois momentos. O primeiro momento de cada tema foi dedicado às explanações de importantes agentes técnicos e políticos ligados a cada área, em seguida, os participantes direcionavam-se aos Grupos de Discussão, onde colocavam suas dúvidas, sugestões, críticas e ajudavam a formar as diretrizes de um plano estratégico para a cidade.

Entre os temas abordados, figuravam: Desenvolvimento Econômico; Saúde; Educação; Assistência Social; Segurança Pública; Acessibilidade; Desafios para a integração da Juventude com Qualificação Profissional e ao Desenvolvimento Econômico; Desenvolvimento Sustentável; Expansão Urbanística e Integração Regional; O Papel dos Governos Federal e do Estado no Novo Modelo de Desenvolvimento de Caruaru e; Mobilidade Urbana.
Diferentemente das conferências (essa estupenda ferramenta de participação que vem modificando os conceitos de democracia da população há alguns anos e que servem ao debate específico de um determinado tema e o planejamento de ações de longo e médio prazo, políticas de Estado e políticas de governo) e do Orçamento Participativo (que se dedica às ações mais práticas e de curto prazo, identificando as demandas populares de comunidades ou nichos), o Seminário Caruaru 2030 se dedicou a um plano de diretrizes para nortear a ação do poder público nos próximos dezoito anos.
Infelizmente, alguém apresentou opiniões negativas à iniciativa do governo municipal, criticando-a por não abordar determinadas questões (que não estavam na alçada daquilo a que se propôs o Caruaru 2030, já que seriam problemas de resolução em curto prazo) e também por desconhecimento ou desatenção à programação do seminário, já que um dos temas citados foi abordado no segundo encontro do seminário.
Em minha humilde opinião, a maior contribuição que a instituição do Orçamento Participativo e outras iniciativas que empoderem os cidadãos em Caruaru podem nos dar, é a mudança cultural que podem proporcionar à política local, fazendo com que todos os agentes políticos se vejam obrigados a participar com mais compromisso das discussões, sob o risco de lançar opiniões divergentes da realidade concreta. Desejo de bom coração que aprendamos com esse equívoco e modifiquemo-nos para adequarmo-nos a esta nova realidade.

Marcelo Augusto Serra Diniz é ex-Diretor de Relações Internacionais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Ex-Secretário-Geral da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP-Candido Pinto) e militante do PT.