Fevereiro não é só folia no Brasil. Quem acompanha o noticiário nacional viu que o país teve pelo menos um motivo verdadeiro para celebrar: a declaração de validade da Lei da Ficha Limpa pelo STF para as eleições desse ano. A Lei torna inelegível candidatos condenados por órgãos judiciais colegiados e também aqueles que tiveram o mandato cassado ou renunciaram para evitar a cassação.
Fruto de um projeto de lei de iniciativa popular (o porquê de nenhum parlamentar ter apresentado a proposta até beira o óbvio no Brasil) a ordem legal é fundamental para a consolidação de uma administração e um governo moralmente legítimos. Até porque não dava pra entender a lógica de se exigir de um contador de folhas e batedor de carimbos (nada contra os contadores de folhas e batedores de carimbo!), que o mesmo não possuísse condenações nem perante um juiz singular, enquanto que para governar o país o único requisito era saber assinar o próprio nome. Brasil, raciocínio lógico: 0.
Também é importante comentar, entre as palmas para o STF, que se deve cuidar para que a intenção legal, fruto agora do Poder Legítimo (a vontade do povo), não se perca em jogos de interpretações: queremos proibir os bandidos de serem políticos – grita o povo e ponto final. A eficácia da Lei precisa cuidar da boa vontade dos bons políticos e dos bons juízes para limpar o Congresso Nacional, pelo bem do Brasil.
Torçamos ainda para que o barulho do carnaval não tenha desviado o foco dos cidadãos politicamente engajados do nosso país. O caminhar deve seguir firme e em frente, pois exercícios de lógica política fundamental não faltam para aqueles que pensam: precisamos de transaparência em TODAS as votações do congresso; órgãos fiscalizadores democráticos e eficazes; acessibilidade popular para a prestação de contas, gastos e vantagens; um orçamento de fato participativo; entre outros desejos básicos de uma democracia contemporânea. É tempo de limpar, além da ficha, a consciência política.