Opinião – Entre a alteridade e o trabalho no sus – por Helison Ferreira*

Mário Flávio - 26.08.2019 às 10:25h

No mês de agosto é comemorado o Dia Nacional da Saúde. Para algumas pessoas esse dia representa muito, para outras pessoas é um dia como qualquer outro. Mas sem sempre foi assim. Os estudiosos e especialistas na área da saúde têm a consciência que sempre se sofreu muito por falta de investimento, e por outras questões, entretanto, essa pauta ganhou destaque com os avanços já alcançados desde o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

Precisamos resgatar aqui que os profissionais que hoje atuam na rede do SUS não esteve desde sempre, mas conquistadas por lutas que, em muitas situações, trabalhou bastante. Falar de saúde é tratar de questões que põe em mesa todo o processo de luta e resistência dos profissionais, para a além da categoria médica. Essa, inclusive, ainda se mantém em seu nível hierárquico no tocante a classe unida e pronta para lutar por seus direitos.

Culturalmente, os/as médicos/as sempre estiveram num espaço privilegiado, entretanto, com a Reforma Sanitária, e a ideia e prática da humanização na saúde, esse conceito tem sofrido mutações. Essas alteridades têm motivado alguns profissionais a se posicionarem no que concerne ao respeito profissional, do empoderamento profissional, e tantas outras questões que ainda estão sendo discutidas nas academias e espaço de conhecimento e luta.

A data da qual estamos nos debruçando, tem nos levado a outras reflexões, como por exemplo, o profissional de serviço social na saúde. Pensar o Assistente Social na saúde é algo que ainda precisa ser bastante discutido no tocante ao entendimento da importância desse profissional na rede de atendimento do SUS. As intervenções precisam ser sempre revistas como processo de identificação profissional.

O Assistente Social tem feito um excelente trabalho no âmbito da saúde, promovendo qualidade de vida, orientações, intervenções essenciais para o desenvolvimento de resolutividade nas instituições hospitalares. A aproximação da família ao ente que esteja internado ou realizando algum procedimento tem trazido nova reflexão sobre esse profissional e de como sua atuação tem feito a diferença no atendimento. Claro que o trabalho multiprofissional só tem a ganhar o paciente, tendo a seu dispor profissionais engajados em fazer o melhor.

Um grande discurso na saúde pública é que não presta e/ou que nunca acontece, mas essa cultura na negatividade se deu ao longo da história do SUS e dos trabalhadores dele. Foi no diálogo e prática que o sistema foi condicionado a uma visão de péssima qualidade dos serviços. Com a chegada da prática de humanização na saúde essa realidade tem diminuído, no entanto, você ainda encontra pessoas que falem mal. Sabemos que o SUS nunca conseguiu ser 100% nos atendimentos a toda população, porém, a qualidade tem sido melhorada paulatinamente.

Defender o SUS hoje é manter a Política de “pé”, percebendo sua importância para aqueles que não consegue ter um plano de saúde, embora na contemporaneidade a ideia de plano de saúde é o melhor caminho tem sido reduzido. A espera pelo atendimento sempre haverá, seja no campo da saúde pública ou na rede privada. Todos os espaços destinados ao cuidado em saúde têm ficado amarrotados de pessoas com diversas necessidades.

Com essa realidade, é preciso incentivar, estimular e defender o SUS como algo precioso que temos, pois, mesmo com todas as dificuldades encontradas, é um aparelho que, conforme aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) em 1996 foram atendidas 623.279 pessoas, ano em que foi implantado o prontuário eletrônico, um grande avanço para a otimização dos trabalhadores, e em 2017 foram atendidas 1.665.984 pessoas. Esse crescimento se deu por causa das conquistas que o SUS permitiu para que todas as pessoas fossem atendidas com qualidade e de forma humanizada.

Concluo essa reflexão com a certeza que o Sistema Único de Saúde é um campo rico de possibilidades, de ganhos e de tantos outros campos de atuação que não caberia aqui expor. Pensar o SUS é pensar nas providencias que nós, cidadãos brasileiros/as podemos fazer para que não seja extinto aquilo que foi conquistado com tanta luta, resistência e fé.

*Helison Ferreira é Assistente Social e professor do curso de Serviço Social da Faculdade UNINASSAU Caruaru