Enfim saberemos quem fica aonde e, daqui para frente, os nomes vão melhor se definindo neste alinhamento que só se oficializará mesmo nas convenções partidárias em 2014. A Rede Sustentabilidade, quando começou a ser formada no segundo semestre de 2011 recebeu logo minha adesão. Na Rede, internamente, fui dialogando com as mais diversas pessoas, dos mais diversos lugares do Brasil, de diversas linhas ideológicas e dos mais diversos partidos políticos.
Sempre vi como um espaço colaborativo, suprapartidário, baseado na liberdade e no diálogo entre as diferenças. Mas, quanto mais o tempo ia passando e a Rede se alargando pelo Brasil à fora, mais eu via a adesão de muita gente boa politicamente, porém de outros tantos que não me deixava a vontade para estar junto num mesmo projeto.
Eu ainda separo a Marina da Rede, nem sei como, mas muitas vezes parece que ela está sendo usada para algo que ela de fato não queria. O partido vem construindo seu estatuto e programa de governo nestas longas discussões, mas não tem sido fácil fazê-lo coletivamente.
Ora por conta dos vícios que ainda predomina na nossa cultura política, ou porque isso leva mesmo tempo para ser elaborado quando se pretende agir modo a ouvir todos interessados.
Mas como depois de tantas tentativas o Lula conseguiu, no PT, estar no poder? O partido abriu mão de que, desde aquela “carta ao povo brasileiro”, para chegar onde chegou?
Não foi ela destinada muito mais a acalmar mercados do que propriamente a seus eleitores? E o que veio depois? A adesão do PL (depois PR) para a vice, a vinda para gestão dos Sarneys, e ao longo dessa década, tudo foi ficando largo demais para caber todo mundo e garantir governabilidade. Ou não foi isso? Agora é evidente que os avanços sociais são incontáveis e creio que caminhamos para avançar cada vez mais.
E a Rede? Bem, tem suas consequências, pois quando é lançada é evidente que ao puxar de volta vem dentro dela as mais variadas espécies. Melhor seria, cada vez mais, focarmos em programas do que na pessoa, mas o povo ainda é muito apegado a personalidades.
O dinamismo do processo político eleitoral – Nunca aconteceu antes de duas mulheres serem as principais protagonistas do processo eleitoral no Brasil: Dilma e Marina. Nunca, também, a candidatura de uma delas dependeu do registro do partido (Rede Sustentabilidade). A Marina declarou que mais importante é que obteve na corte a declaração de todos os ministros de que nos tem os requisitos necessários para ser um partido político: “Eles disseram que nós temos um programa e representação social. O registro é só uma questão de tempo”.
E o Povo? – Uma pesquisa recente (IBOPE) mostra que quase metade da população ainda não definiu voto. Porém, eu ainda aposto que Dilma, caso não aconteça nenhum fator novo, é reeleita em 2014. Mas toda essa explosão de manifestações vai mostrando uma nova reação. Até onde isso vai não dá pra saber ainda, mas certamente fatos novos vão acontecer, com o povo nas ruas, exatamente em outubro do ano que vem no processo eleitoral.
Para onde eu vou? – Há dois anos que eu me desfiliei do PT. Desde então, sempre fui convidado a voltar a legenda ou ir para outra. Pessoalmente recebi convite de lideranças tanto de partidos ligados a oposição como de oposição.
Os da oposição, onde em alguns casos tenho amigos pessoais que considero e políticos que respeito, alegam que nunca tive o reconhecimento devido por parte de quem eu me dediquei tanto, que suas portas estão abertas. Na situação, há os que consideram ventos novos soprando no PT local, que também sopram no PCdoB, duas das legendas que me considero mais próximo. Mas, permaneço em diálogo com queridos companheiro(a)s, principalmente PT do B, PSB e PDT.
Continuo firme na relação com Movimentos Sociais. Não perdi o vínculo com MTST, embora não consiga me dedicar tanto como antes. E, até por servir na gestão, venho militando cada dia mais na cultura. Sei da importância de estar filiado, mas, ainda não consegui encontrar paz para tomar esta ou aquela decisão, a não ser a de permanecer exatamente onde estou.
Não faço isso por não querer assumir responsabilidades ou não declarar posições. Permaneço crendo que o melhor caminho para Pernambuco está no campo da Frente Popular e para o Brasil na mesma linha do “Para o Brasil seguir Mudando”.
Permaneço colaborando no que tiver ao meu alcance, com todas as minhas limitações, para uma cidade melhor, mais digna de se viver, com mais cidadania e menos injustiça, com a população cada dia participando mais ativamente do processo das decisões do governo, e que essa participação seja cada vez mais madura, consciente e livre de qualquer amarras.
O calar é ouro, o falar… – Não é só Jajá que tem o direito de expressar o que pensa, mas convenhamos, é necessário ser mais cauteloso no que se diz. Ainda que a “prata” tenha seu valor, melhor mesmo é ser mais vigilante com as palavras, cada dia mais os edis pensarem mais na cidade e menos em si.
Amarildo – O caso de desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarido de Souza, de 47 anos, desaparecido no dia 14 de julho depois de ser levado para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, teve esta semana seu desfecho. Dez policiais vão responder pelos crimes de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver, incluindo o ex-comandante da unidade, major Edson dos Santos.
Em nome até mesmo da honra dos bons profissionais da segurança, os vários policiais vocacionados, essa prática da tortura precisa ser banida e quem insistir em usá-la deveria ter punição exemplar.
Frase – “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles.” ( Vladimir Lenin)
*Paulo Nailson milita na Cultura, é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Cursa Serviço Social. Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos.