1. A surpresa da filiação de Marina Silva ao PSB foi geral, mas é necessário fazer uma avaliação fria da questão. O Governador de Pernambuco conseguiu provar a Marina que sua legenda oferece mais possibilidades de enfrentamento. Pois se de um lado ele tem menos de 8% de intenção de votos na escalada da eleição presidencial, ele tem o partido que mais cresceu nas últimas eleições, que entre os partidos que lhe ofereceram filiação tem as melhores condições de fazer alianças e tem personalidades representativas da grande política nacional. Essa aliança é vantajosa para os dois, o que ela não conseguiria a tempo mesmo com a aprovação do seu partido;
2. Existem divergências ideológicas entre os dois, mas no momento a grande questão para ambos é oferecer uma alternativa concreta de enfrentamento ao PT e Dilma Roussef, candidata do PT a reeleição. Se tomarmos o cenário atual como análise, a partir das ultimas pesquisas, a junção de Marina e Eduardo já joga a eleição para o segundo turno, o que altera profundamente o meio de campo eleitoral e não será equacionado facilmente. Outro aspecto é que a idéia de que o nome de Eduardo seria jogado como um nome para o pós- Dilma antecipa suas possibilidades políticas. Não há o que negar, foi uma jogada de mestres ( de ambos – Eduardo e Marina);
3- Outro aspecto é acompanhar e ver se as intenções de voto de Marina Silva a acompanharão com sua ida ao PSB, na medida em que nem ele nem Eduardo anteciparam como será de fato a chapa presidencial do PSB, entendo que esperarão o próximo programa do PSB em rádio e TV e as explicações que ambos apresentarão a sociedade brasileira para a aliança. Há muita desconfiança se de fato as arestas entre as visões políticas de ambos serão equacionadas, mas é sem dúvida possível de ser equacionadas numa perspectiva de governo de coalizão como é o do PT por exemplo que tenta articular políticas sociais e neoliberais desde o governo Lula;
4- Se política se faz com uma boa guerra Marina e Eduardo hoje são os principais adversários do PT no processo eleitoral, ex-aliados que conhecem os problemas do PT por dentro, Marina que consegue a simpatia da classe média e dos grupos que não votam mais no PT e Eduardo que representa modelos mais eficientes de administração, é ver como esta aliança vai ser recebida pela população.
*Ana Maria de Barros é cientista política e professora da UFPE