É, amigo leitor, amiga leitora…. 2020 não tá fácil, não! Nem bem estávamos recuperados da notícia do fechamento do restaurante Asa Branca lá de seu “point” tradicional, somos surpreendidos pelo triste anúncio do encerramento das atividades de um “cartão postal” nosso: o Grande Hotel São Vicente de Paula.
Estas duas grandes e tradicionais empresas do país de Caruaru se somam a centenas de outras que, apesar de também estarem encerrando suas atividades, não tiveram a sorte de merecer o mesmo nível de publicidade e comoção.
É, meu caro… tem gente fechando as portas e chorando sozinho. Pra terminar de “lascar” tudo, recebemos na véspera de São João, a informação de que o nosso governador decretou que Caruaru e Bezerros devem, de hoje até o dia 05 de julho, intensificar o isolamento social e as restrições de atividades comerciais.
Ou seja, se havia alguma esperança para trabalhadores e empreendedores de voltarem à ativa o quanto antes para tentar afastar o risco que enfrentarem o mesmo que o Grande Hotel está enfrentando, lamento, Paulo Câmara acabou de terminar de proferir a “extrema [p]unção” para ela.
“A esperança é a última que morre” – é não, e está provado agora! Bem, tal restrição foi motivada, segundo o governo do estado, pelo expressivo aumento no número de casos registrados da Covid nas duas cidades. Mas, claro, acredito também em um outro motivo: o amor [incondicional] pelo São João.
As pessoas não estão deixando de festejar algo que já está enraizado em suas mentes e corações pro causa de “uma doença” [por mais grave que seja – e eu sei que é!]. Nem a Covid afasta o caruaruense mais festeiro [e eu diria inconsequente] de sua fogueira e de seu arrasta-pé, mesmo porque a fiscalização que foi anunciada basicamente não existe.
É muito importante mencionar que estas restrições até podem ser consideradas “corretas” e “necessárias” por alguns. Mas muito claramente não são viáveis! Repito: necessárias: talvez! Viáveis: tá na cara que não!
Já deu uma volta no Salgado? Ou ali pela Rua Tupy? Quem sabe no Santa Rosa? No Vassoural, ali perto da Igreja de N. Senhora de Guadalupe? Já foi na FEIRA?
“Mas, João… é para o bem delas! É para não morrerem! A Covid mata!”
Eu sei! Eu tenho consciência de que é uma doença perigosa! E eu sou grupo de risco [diabético e hipertenso]… mas EU posso ficar em casa. Eu trabalho de casa. Gravo minhas aulas em minha casa! A Covid não me afetou profissionalmente, mas não é por isso que não vou ter empatia por pessoas que foram afetadas!
Portanto, este decreto de enrijecimento das restrições de atividades é de uma estupidez absurda: não por sua intenção, mas, como sempre, pela impossibilidade de sua aplicação.
Afinal, do mesmo jeito como “não há leitos” se todos ficarem doentes, e “não há policiais” para evitar todos os crimes em todos os lugares, também não há como fiscalizar toda a população em todo canto o tempo todo!
De que adianta decretar endurecimento de isolamento se as pessoas não estão cumprindo [já que não estão sendo fiscalizadas]?
É um decreto de mentira, com regras de mentira, para dar satisfação para pessoas que reverberam estas mesmas mentiras em suas redes sociais!
Sim! Nas redes sociais, porque nas ruas, onde está o povo mesmo, essas mentiras não se criam!
O povo quer trabalhar: na verdade, o povo PRECISA trabalhar! Pois com mais notícias como “fechou o Grande Hotel”, muitos passam a se perguntar “se” serão os próximos a perderem seu sustento. Para outros, pior, não é questão de “se”, já é questão de “quando”.
Isso é Ordem Espontânea – diria o Nobel de Economia [1974], F. A. Hayek: não é possível controlar o que as pessoas vão fazer especialmente quando este controle for contrário ao que elas precisam fazer para continuar vivendo.
[este controle só pode ser realizado por coerção e opressão contra os cidadãos – atitudes típicas de governos autoritários – o que, aliás, todo governo, em sua medida, é]
A vida a que me refiro acima, meu caro leitor, minha estimada leitora, é colocada num dilema bem claro por alguns indivíduos: “arrisco-me a contrair Covid e morrer sufocado sem respirador ou fico em casa ‘protegido’, mas sem trabalhar e arriscando-me a perder meu emprego e, por causa disso, morrer de fome sem ter como comprar comida para mim e meus filhos?”
“Nossa, que exagero, João! Forçou a barra!”
É, pois é… essa é a nova versão do “é só uma gripezinha”… não ter empatia pelo sofrimento que não se experimenta parece fazer com que o próprio sofrimento inexista. Mas não é porque você não sente que outra pessoa não esteja sentindo!
“Ei, João… Então qual a solução?”
Bom, já que a fiscalização não funciona, se é que existe, e não dá para aplicar a força estatal opressora em toda uma população que está lutando cotidianamente para escolher entre não morrer de Covid e não morrer de fome, acredito que a solução seria ouvir as propostas que muitos empresários e entidades de classe apresentaram ao longo desta pandemia.
A exemplo da sugestão de protocolo de reabertura que o Sindloja apresentou há algumas semanas, na pessoa de seu presidente Manoel Santos: com propostas claras, lógicas e que não vão contra a necessidade do povo de trabalhar para gerar dinheiro para seu sustento.
Mandar fechar não funciona [porque o povo vai sair mesmo assim]. Então, que se mande abrir com regras!
O povo vai aprender a trabalhar distanciado e usando máscara e álcool gel. O povo só não vai aceitar NÃO PODER TRABALHAR.
Sim! É possível convencer o povo caruaruense de que o “novo normal” é evitar contatos, ser mais neurótico com a limpeza e trabalhar parecendo um ninja.
Não peça, porém, que esse povo trabalhador de Caruaru aceite que “novo normal” é depender de “auxílio” do governo. Caruaruense, mesmo, quer viver com o resultado de seu próprio esforço.
Fechamento, Não!
Abertura consciente!
É mais inteligente assim! É mais efetivo. É viável!
Professor João Antonio