Dia desses tentando manter minha sanidade durante o período de resguardo/Isolamento social resolvi revisitar a série de filmes de Star Wars, e no final do episódio III (A Vingança dos Sith) vemos Obi-Wan Kenobi, ao derrotar Anakin Skywalker, proferir com grande angustia e descontentamento a seguinte frase “Você era o escolhido! Foi dito que você iria destruir os Sith! Não se unir a eles! Trazer o Equilíbrio para a força, Não a jogar nas trevas!”, e então decide não se unir ao Anakin como o Sith Darth Vader, escolhendo seguir o caminho Jedi, vendo que a salvação depende do esforço comum de todos.
No Brasil, desde que estamos nós, o Povo, incumbidos de, através do voto escolher os nossos representantes no Poder Legislativo e no Executivo Federal, especialmente em se tratando do ocupante do cargo de Presidente da República buscado esse escolhido – aquele que irá acabar com a farra dos corruptos (podemos comparar aos Sith daquela grande obra ficcional) e trazer equilíbrio para a nossa Nação, cumprindo fielmente o delineado na Constituição Federal da República do Brasil de 1988, realizando verdadeira justiça social e dignidade da pessoa humana.
Nessa busca irreal e idealizada do Escolhido, temos votado para presidente sem termos critérios objetivos, acreditando em promessas de campanha que em nada refletem o histórico político daquele candidato, ou então visando a pura e simples derrota do “inimigo” comum, sem analisar se há realmente um inimigo a ser derrotado.
Essa construção de um “inimigo” tem sido a estratégia política para a realização de ideais de Poder e sua manutenção, mas não de compromissos reais para o cumprimento da Carta Magna de 1988, outrora foram “eles”, hoje é a “esquerda” – esquecendo-se que nossa Constituição congrega direitos e deveres surgidos tanto naquilo que se convencionou chamar de “direita” quanto de “esquerda”, para atender tanto “eles” quanto a “nós”.
O Brasil encontra-se polarizado, dividido de tal forma que as pessoas não conseguem dialogar sobre politica e assim construir uma solução sadia e adequada para todos, lutando inclusive com agressões físicas pelo seu “escolhido” – sem se importar com os erros por ele cometidos, pois por ser o salvador a ele tudo seria permitido (inclusive violar Direitos Humanitários esculpidos na Constituição da República de 1988).
Esse Caminho de busca pelo Escolhido na nossa Nova República não cabe mais, pois ele não existe.
Não nos é mais permitido (se é que algum dia foi) tratar de forma infantil e incoerente os rumos de nossa nação, precisamos nos empoderar do Processo político e dialogar sobre ele para no exercício soberano do voto e, depois de estudar o histórico político e pessoal dos candidatos, de estudar os partidos e seus ideais, de estudar e debater as propostas e plano de governo, escolher o representante mais adequado para nossas necessidades enquanto Nação.
*Gilmar de Araújo Pimenta é Advogado