Básico. Inúmeras vezes em uma sala de aula, o professor ao ver que a turma não acompanha um assunto para e fala uma palavra mágica: “voltemos ao básico”, porque de nada adianta avançar com um conteúdo se os alunos não entendem ou compreendem o elementar.
Quando este for dominado, aí sim podemos aprofundar a matéria. Seria bem interessante se essa mesma percepção fosse aplicada em outras instâncias sociais, como por exemplo, na elaboração dos planos de governo ou até mesmo na coordenação das campanhas eleitorais.
Pois o substantivo básico é definido no Houaiss como sendo: “que ou o que serve de base, de fundamento; basilar, fundamental.” Ou seja, aquilo que seria uma condição indispensável ou preliminar em qualquer etapa ou ação. Trocando em miúdos, não colocar o carro na frente dos bois. Mas na política local vemos, que algumas propostas que podem se converter em ações se tiver sucesso na eleição, tanto da oposição quanto da situação, são mais pirotécnicas do que reais.
Num cenário de crise mundial e de queda de repasses, há a necessidade de usar bem os limitados recursos que estarão disponíveis nos próximos anos, para que esses rendam os frutos necessários. Atualmente vários desafios são colocados a sociedade caruaruense, nas mais diversas áreas: trânsito, educação, saúde, geração de emprego e renda, justiça social entre tantos.
E a preocupação deveria ser nessas áreas deveria ser as condições essenciais, elementares, ou básicas desses serviços estão atingidas?
Na educação o aluno possui instalações físicas adequadas? Está dominando os conteúdos das séries em que está matriculado? Se a resposta for negativa, então essa é a prioridade básica na educação. Se essa pergunta for feita nas demais áreas, sobre as condições essenciais dos serviços públicos e as prioridades de cada uma, teremos uma gestão que terá realmente contribuído para tornar Caruaru uma cidade melhor.
Mas, nesse momento, parece que vivenciamos uma situação inversa, promessas irreais são feitas, o promessômetro está a toda, em todas as coligações. Criando expectativas inatingíveis na população que se converterão em índices de rejeição futura, quando as promessas não se concretizarem.
Voltar ao básico não significa oferecer serviços limitados e de péssima qualidade, mas antes dotar cada área de atuação do poder público das condições essenciais, para a partir dessa premissa, buscar a atingir a excelência. Mas tem hora que assistindo ao guia eu espero, algum candidato, prometer um teletransporte para resolver o problema do trânsito, mas não vejo ninguém discutir a reestruração do transporte coletivo na cidade, revisão das concessões e da circulação.
Também nos guias eleitorais seria interessante voltar ao básico, o guia eleitoral foi pensado como um espaço democrático para a divulgação dos candidatos e de suas plataformas, dialogando diretamente com o eleitor. Mas o guia se converteu, não apenas em Caruaru, em peça de ficção com imagens irreais, músicas e emoções coreografadas e infelizmente em debates estéreis e fúteis, agressões gratuitas que em nada acrescentam a vida política local.
Seria interessante termos menos marketing e mais política, nesse caso deveríamos voltar ao elementar também. É por essas e outras que nesse momento os candidatos e o futuro prefeito deveriam se ater ao básico.
*Mário Benning é professo do IFPE