Papa visita santuário xiita e local de nascimento de Abraão

Mário Flávio - 06.03.2021 às 18:21h

Na primeira viagem de um chefe da Igreja Católica ao Iraque, o Papa Francisco foi neste sábado à cidade sagrada xiita de Najaf, ao sul de Bagdá, para se encontrar com o grande aiatolá Ali al-Sistani. Ele também visitou a região de Ur, apontada pelo Antigo Testamento como o local de nascimento do patriarca Abraão, cultuado nas três principais religiões monoteístas. No local, Francisco condenou a violência em nome de Deus como “a maior blasfêmia” possível.

“Deste lugar, onde nasceu a fé, da terra de nosso pai Abraão, vamos reafirmar que Deus é misericordioso e que a maior blasfêmia é profanar seu nome odiando nossos irmãos e irmãs”, disse Francisco em Ur.

Sistani, de 90 anos, é uma das figuras mais influentes da vertente xiita do Islã, dentro e fora do Iraque, e o encontro foi o primeiro entre um Papa e um alto clérigo xiita. Após a reunião, Sistani pediu aos líderes religiosos mundiais que cobrassem responsabilidade das grandes potências e que a sabedoria e o bom senso prevaleçam sobre a guerra.

A população cristã no Iraque diminuiu de 1,5 milhão de pessoas para 300 mil depois da invasão estadunidense de 2003 e as ações terroristas da al-Qaeda e do Estado Islâmico (EI), ambos ligados a interpretações fundamentalistas do Islã da vertente sunita.

Com este encontro religioso, um dos mais importantes da História, o papa argentino quer estender a mão ao islamismo xiita, mas também apoiar os cristãos do Iraque, que representam 1% da população do país e se dizem muitas vezes vítimas de discriminação.