Partido Socialista vence eleições em Portugal e conquista surpreendente maioria absoluta no parlamento

Jorge Brandão - 31.01.2022 às 13:25h

O Partido Socialista, no poder desde 2015, venceu as eleições legislativas de Portugal neste domingo (30) e garantiu, sozinho, maioria absoluta no Parlamento, um resultado considerado surpreendente.

Com mais de 99% dos votos apurados, a legenda do primeiro-ministro António Costa conquistou quase 42% dos votos e ao menos 117 dos 230 assentos na Assembleia da República.

Pesquisas de intenção de voto divulgadas na última semana da campanha projetavam um empate técnico entre o PS e o maior partido da oposição, o PSD (Partido Social-Democrata).

Desde 1976, houve apenas cinco maiorias absolutas em Portugal, sendo quatro do PSD. O Partido Socialista já realizou o feito em 2005.

“Uma maioria absoluta não é um poder absoluto. Não é governar sozinho. É uma responsabilidade acrescida. Governar é para e com todos os portugueses. Essa será uma maioria de diálogo, com todas as forças políticas que representam na Assembleia da República os portugueses na sua generalidade”, afirmou Costa no discurso da vitória.

Os social-democratas aparecem com 27,8% dos votos e garantiram, por enquanto, uma bancada de 71 deputados.

Uma grande mudança na composição do Parlamento ficará por conta do aumento expressivo da bancada do partido da extrema-direita, o Chega, que assumiu o posto de terceira maior força política do país.

A legenda, que foi criada e entrou na Assembleia da República em 2019, teve pouco mais de 7% dos votos. Com isso, o Chega, que tem atualmente apenas um deputado, garantiu ao menos 12 representantes no Parlamento.

O partido se apresenta como antissistema e acumula propostas polêmicas, como a volta da pena de morte e a castração química de pedófilos. Também conviveu com integrantes ligados a organizações neonazistas e é frequentemente acusado de discurso discriminatório contra comunidades ciganas.

Os resultados do pleito foram particularmente ruins para os partidos mais à esquerda, antigos parceiros dos socialistas na sustentação do governo.

O Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português (PCP) votaram contra o Orçamento de Estado para 2022 apresentado pelo Executivo, o que acabou levando à rejeição da proposta e a uma crise que abalou as estruturas da geringonça, apelido dado à aliança entre os tradicionalmente divididos partidos da esquerda portuguesa.

Com o resultado na votação do Orçamento, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições.

Durante a campanha, o premiê António Costa insistiu no discurso de responsabilização política dos antigos parceiros à esquerda. A estratégia parece ter funcionado, uma vez que as pesquisas indicam uma grande transferência de votos, sobretudo do Bloco de Esquerda para os socialistas.