Pernambuco teve queda de R$ 375 milhões na arrecadação do ICMS

Mário Flávio - 28.05.2020 às 08:33h

O secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, mostrou os primeiros efeitos da pandemia de Covid-19 nas contas do Estado, nesta quarta (27), em reunião virtual da Comissão de Finanças. Ao apresentar o Relatório de Gestão Fiscal do 1º Quadrimestre de 2020, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ele apontou uma perda de R$ 375 milhões na receita de ICMS em relação ao que se esperava para o período. De acordo com o gestor, R$ 682 milhões já foram empenhados em ações de enfrentamento ao novo coronavírus, valor que pode chegar a R$ 950 milhões até o fim do ano.

Padilha frisou que o período analisado inclui dois meses e meio de normalidade (janeiro, fevereiro e início de março) e um mês e meio de enfrentamento à pandemia (segunda quinzena de março e abril). A redução da receita do ICMS foi gerada pela queda nas vendas de quase todos os setores e pela deflação, ou seja, a diminuição do preço final dos produtos. 

O gestor destacou a perda de R$ 245 milhões na arrecadação de abril, diante da esperada, e assinalou que, em maio, essa diferença negativa deve ser de R$ 568 milhões. A frustração de receita deve chegar a R$ 3,75 bilhões em 2020, o que representa quase 20% a menos do que as projeções. Ainda assim, Pernambuco teve um superávit primário de R$ 1,3 bilhão no segundo bimestre.

Em maio, até o dia 15, a arrecadação de ICMS foi de R$ 361 milhões, 29,7% a menos do que os R$ 513 milhões totalizados na primeira quinzena do mesmo mês em 2019. Já a projeção para maio, junho e julho do recolhimento desse tributo será, em média, 30,6% menor do que a programada anteriormente.  

Ao analisar a situação do Brasil, Padilha ressaltou que o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, prevê uma queda de 5,89% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas pelo País, este ano. Segundo ele, a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 3% ao ano, deve sofrer novos cortes. “A Selic vai encerrar 2020 no patamar de 2,2% ou 2,3%. Terá que ser reduzida para tentar estimular a economia e evitar uma recessão técnica”, disse.

O secretário da Fazenda também chamou atenção para a alta de 45% do dólar este ano. A cotação da moeda americana, que alcançou R$ 5,45 em 25 de maio, impacta o valor que o Estado deve ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao Banco Mundial (Bird), credores de 52% da dívida de Pernambuco. Ao tratar desse ponto, Padilha fez um apelo para que o Governo Federal não vete no Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, aprovado pelo Senado, a suspensão do prazo para o pagamento da dívida de Estados e municípios com organismos internacionais e a União.

O gestor considerou injustificável, ainda, a demora do presidente Jair Bolsonaro em sancionar o projeto de lei que deve repassar R$ 1,44 bilhão para Pernambuco. “Mesmo essa ajuda não cobrindo toda a queda, a gente quer, ou entraremos em um processo ingovernável de colapso financeiro”, afirmou. “Ainda com essa medida, vamos continuar reduzindo despesas. O Estado já cortou R$ 373 milhões”. Padilha explicou que os principais contingenciamentos foram em serviços terceirizados, combustíveis, energia, telecomunicações e consultorias técnicas, além da suspensão de 48% das licitações.