Pesquisa IBOPE/ TV AB II – Analistas avaliam que Lula e desempenho nos guias foram fatores decisivos para Queiroz

Mário Flávio - 21.09.2012 às 20:53h

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Em Caruaru, de uma pesquisa do IBOPE para a outra, em um intervalo de 15 dias, o que os analistas políticos apontam é que a maior surpresa foi a relação entre a evolução das intenções de voto para Zé Queiroz (54%) e a queda significativa de Miriam Lacerda (33%). A cientista política Ana Maria de Barros e os analistas Arnaldo Dantas e Mário Benning acreditam que a vinculação de Lula à imagem de Queiroz, o desempenho nos guias eleitorais e os últimos atos de campanha foram decisivos para esse novo resultado.

EVOLUÇÃO DE QUEIROZ

Segundo Arnaldo, a coordenação de campanha de Queiroz conseguiu em pouco tempo fortalecer a imagem de uma gestão ativa através do guia eleitoral. “Primeiro, devemos considerar a estrutura de campanha de Queiroz, com a prefeitura na mão, realizando várias obras e dialogando nas comunidades onde havia críticas à gestão. Isso foi apresentado através do guia de forma eficiente e objetiva, o que causou impacto”, explicou.

Mário Benning completou esse pensamento, afirmando que Queiroz conseguiu vincular a imagem dele a Eduardo Campos, Dilma Rousseff e principalmente ao ex-presidente Lula. “Evidente a força de Lula em Caruaru, e nem tanto de Eduardo, que já havia sido exposto várias vezes no guia. O único fato novo que temos para explicar a subida de Queiroz é o fator Lula, que, aliás, deve ter causado impacto no eleitorado de Miriam das classes C,D e E”, argumentou.

QUEDA DE MIRIAM

Baseado nisso, Benning observou que a equipe de Miriam Lacerda não conseguiu resolver as falhas de campanha. “O guia de Miriam continuou confuso, sem consistência na apresentação de propostas e com ataques e denúncias em um tom piegas, ela pagou o preço por isso. E ainda Miriam não conseguiu rivalizar com as últimas ações de campanha de Queiroz, não fez algo à altura da Caminhada das Mulheres, nem conseguiu uma liderança de peso que compensasse a presença de Lula”, apontou.

Isso, na perspectiva de Arnaldo, significa que os coordenadores de campanha da democrata não souberam contornar o avanço do pedetista. “O grande erro é que a equipe de Miriam, jurídica, de comunicação e de marketing, não soube prever que esse cenário poderia ocorrer, embora a própria candidata tenha melhorado seu nível de discurso. No entanto, a oposição não soube estimular uma agenda negativa contra o prefeito, nem minimizar a importância das parcerias estaduais e federais”, completou.

REAÇÃO DE FÁBIO

Em paralelo, o desempenho de Fábio José (PSOL), que teve 4% na pesquisa, também foi comentado e, segundo Mário Benning, o candidato segue colhendo as intenções de votos da parcela da população insatisfeita com os outros dois candidatos. “Houve evolução, mas Fábio já contava provavelmente com votos de uma pequena faixa da população que não simpatiza com Queiroz e agora o quadro apresenta algo que me parece ser a migração de alguns votos de Miriam para ele também”, explicou. Contudo, Arnaldo acredita que que esse aumento se reverta em uma expressividade maior do que a esperada de Fábio nas urnas. “Mesmo com todas as dificuldades financeiras e estruturais e até mesmo as dificuldades de Fábio de se expressar, ele consegue subir um pouco e pode conseguir mais de 10 mil votos”, ressaltou.

ESTRATÉGIAS

Em síntese, Ana Maria de Barros concordou com as análises de Dantas e Benning, mas ela chama atenção principalmente para a relação dos pontos ganhos e perdidos de Queiroz e Miriam. “São sete pontos ganhos poeto prefeito e justamente sete pontos perdidos orla candidata. Zé Queiroz se manteve em crescimento, e tem uma vantagem mais clara agora. No entanto, é preciso lembrar que a eleição não está ganha. Ainda faltam 15 dias e o cenário dessa disputa é mais parecido com o das eleições de Tony Gel com João. Nesse momento, a coordenação de campanha de Queiroz precisa entender que não existe “já ganhou” e a equipe de Miriam precisa reavaliar a escolha do tom denunciativo de seu guia, que impediu, inclusive, que as propostas da candidata fossem absorvidas com mais clareza pela população. Já o crescimento de Fábio era esperado, ele se torna mais conhecido e também sofre o reflexo indireto da participação de Lula e Eduardo na campanha de Queiroz”, concluiu.