Quase dez mil alunos que ingressaram em cursos superiores de engenharia desistiram da graduação em 2017

Mário Flávio - 29.09.2018 às 09:26h

No Brasil, a cada 175 alunos que ingressam nos cursos superiores de engenharia, apenas 95 concluem. De acordo com o Censo da Educação Superior, mais de sete mil alunos ingressaram em cursos de engenharia em Pernambuco, em 2017. Em contrapartida, quase dez mil desistiram da graduação.

Para a diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Gianna Sagazio, o alto índice de desistência mostra a fragilidade e a necessidade da modernização do ensino de engenharia, que, segundo ela, ainda segue o modelo idealizado há mais de 30 anos.

“O mundo está mudando muito rapidamente e a gente precisa preparar os nossos profissionais, os nossos engenheiros, para enfrentar esses desafios que já estão colocados aqui. Se a gente não tiver engenheiros preparados para os impactos dessa revolução digital, não conseguiremos ser competitivos e nem gerar qualidade de vida para a nossa população.”

A especialista em educação em engenharia da Universidade de Brasília (UnB), Maria de Fátima Souza, destaca que o baixo número de escolas de engenharia e a falta de adoção de tecnologias de ponta também colaboram para que o Brasil forme poucos engenheiros. Além disso, para a especialista, o principal fator da desmotivação dos alunos está relacionado à forma como as disciplinas são desenvolvidas em sala.

“Por exemplo, a parte de cálculo. Existe um problema grave que desmotiva os alunos e que talvez seja a razão dessas taxas altíssimas de evasão, que é o fato da disciplina de cálculo ser levada mais ensinando procedimentos para a resolução de problemas, do que necessariamente entendendo como você aplica os conceitos.”

A CNI encaminhou, aos candidatos à presidência da República, propostas para a atualização do currículo dos cursos de engenharia. A modernização das diretrizes curriculares e metodologias, aprimoramento do sistema de avaliação e a valorização do trabalho dos docentes estão entre as principais propostas da indústria para o Brasil crescer.