Ranking da OLB mostra que agenda de Meio Ambiente não é prioridade para parlamentares

Mário Flávio - 26.08.2019 às 06:55h

Com o objetivo de conhecer melhor o Congresso eleito em 2018, o Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB) identificou quais os deputados e deputadas da nova legislatura que têm históricos de engajamento na agenda de mudança climática.

Com isso, descobriu-se quem são os 50 parlamentares melhor e pior posicionados no ranking “Mudanças Climáticas”. O resultado se deu a partir do cruzamento do comportamento dos parlamentares em relação ao tema, com a nova composição da Câmara dos Deputados. Embora muitos não tenham sido reeleitos, boa parte dos que foram exercem cargos de liderança na Câmara, indicando que a pauta de mudanças climáticas mobiliza, ao menos, parte dos deputados e deputadas mais influentes na Casa.

Dos 50 piores parlamentares do ranking, 40 concorreram a um novo mandato na Câmara, e apenas 18 foram reeleitos. Diferentemente, dentre os 50 melhores, 44 concorreram novamente à Casa e 29 conseguiram se reeleger. “A diferença é significativa, mas não necessariamente indica que a pauta da mudança climática tenha sido decisiva no desempenho eleitoral”, diz João Feres, Diretor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e idealizador do Projeto OLB.

Por ora, é possível afirmar que os partidos que compuseram a lista dos 50 piores colocados no ranking foram mais afetados pela renovação parlamentar de 2018 do que aqueles que compuseram os 50 melhores.

Podem-se fazer duas ponderações sobre essa análise. Em primeiro lugar, ressalta-se que embora o índice de reeleição tenha sido relativamente baixo em 2018, observamos que os parlamentares mais engajados na agenda de mudanças climáticas continuam a ter destaque na organização da Câmara dos Deputados e possivelmente continuarão a exercer influência na tramitação de proposições relevantes ao tema.

Em segundo lugar, esse resultado indica que a agenda de mudanças climáticas é tema presente em boa parte das lideranças do Congresso. Essa percepção vai ao encontro da análise feita pela OLB anteriormente, mostrando que os parlamentares mais engajados no tema preferiram participar de comissões outras que não a do Meio Ambiente.

Esse fato aponta para uma oportunidade e um desafio para aqueles que se preocupam com as proposições que afetam a agenda de mudança climática. Se por um lado esses dados mostram que as proposições relacionadas à mudança climática são consideradas relevantes por políticos de maior influência no Congresso, por outro revela também que essa agenda terá de disputar com outros temas a atenção e investimento de deputadas e deputados nesta legislatura.