O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) está em rota acelerada de colisão com o seu partido e, nesta sexta-feira 02/10, poucas horas antes do anúncio da reforma ministerial, elevou o tom das críticas à legenda. Ele disse que leu nos jornais – “porque essas coisas são feitas de uma maneira que nem mesmo nós tomamos conhecimento” – que a bancada na Câmara indicará um nome para um ministério.
“Esse ministério será recebido, como se diz, de porteira fechada, especialmente, a menina dos olhos de quem quer nomear gente e ter dinheiro na mão, que é o Correio, que faz parte do Ministério, com mais de cem mil trabalhadores, com alguns bilhões de receita “, disse. Cristovam lembrou que o PDT da Câmara, faz um mês, rompeu com o Governo – “pelo que eu li, por unanimidade” e que agora estes, unanimemente, vão indicar um nome.
“Isso chama-se negociata. Não é negociata em que se põe dinheiro necessariamente, não vou chamar isso de um mensalão, mas é uma forma de negociata em troca de votos dentro do Congresso”, disse. O senador criticou ainda o presidente da legenda, Carlos Lupi, que, depois da morte de Brizola, foi capaz de – “manter o PDT vivo, ativo, vibrante, participante da vida nacional…”, mas que deixou de ser uma alternativa de projeto para o país.
“Mas essa homenagem que presto ao Lupi daquele tempo, eu lamento não poder prestar hoje, diante da maneira como o PDT está-se transformando, dia após dia, em um partido que não representa um projeto alternativo para o Brasil “, disse. Segundo o senador, o PDT aparece na opinião pública como um partido em busca apenas de cargos, que toma decisões sem fazer um congresso para debater de forma aberta, transparente, a entrada outra vez no Governo da Presidente Dilma.
Para o senador, ao invés de optar por uma proposta de Brasil, o PDT vale-se da reforma para entrar em um Governo que conviveu com as ações de corrupção e com desestabilidade econômica. “E a gente vai entrar neste Governo? Um Governo que quebrou a estabilidade monetária conquistada a duras penas pelo Brasil, depois de um histórico de inflação que caracterizava a nossa vida nacional.
Na crítica direta à presidente Dilma, o senador disse que o governo está trazendo de volta a inflação.
O senador criticou também as mudanças de nome e os cortes de verba no Ministério da Educação, o que desmoraliza a pasta e o programa Pátria Educadora. Para o senador, Dilma zomba do país cada vez que fala em Pátria Educadora. “Se Brizola estivesse vivo, se fosse presidente do PDT hoje, impediria o PDT de fazer esse papel, esse papelão de entrar em um Governo que se exaure: Fazendo parte dessa artimanha de composição de ministérios para atender o PMDB e dar um tiquinho ao PDT? Sem um projeto novo, sem uma alternativa, sem uma visão do que é um governo que construa um País – finalizou.