Sobre o artigo escrito por Louise Caroline, por Eduardo Guerra*

Mário Flávio - 21.07.2016 às 19:17h

Conheço Louise Caroline faz uns 15 anos, mais precisamente por volta de 2005 quando eu era presidente do diretório municipal do PCdoB e organizei, junto com a UJS, MST, MTST, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato dos Comerciários, FETAPE, algumas Pastorais e outros movimentos campesinos, um protesto contra a corrução e em defesa do então presidente Lula.

O PT compareceu com a jovem Louise, a quem cedemos o espaço no trio elétrico sob a coordenação da UJS, e também com o meu amigo Rogério Menezes, ademais de um número bem reduzido de militantes. Nenhuma das chamadas “grandes lideranças locais” estiveram presentes no evento, nem o ex-candidato petista a prefeito, João Lyra Neto, que eu enfrentara um ano antes, em 2004, nem seu aliado do PDT, o então deputado estadual José Queiroz de Lima, muito menos o opositor Antônio Geraldo, o Tony Gel, então no PFL, que resultou vitorioso graças ao apoio do PMDB de Jarbas Vasconcelos que governava o Estado.

Depois fui procurado por Louise em busca de apoio na eleição para a presidência do diretório municipal do PT, que ela disputava em guerra fraticida com Rogério. Na época o PCdoB tinha alguns amigos no PT e Louise queria seus votos. Durante um bom tempo mantivemos um diálogo amigável e respeitoso, às vezes vinha a minha casa com sua digníssima genitora, ou algum jovem correligionário. Tratava-me carinhosamente, como “Comandante”. Trabalhamos juntos no governo e Queiroz, do qual me afastei por absoluto desencanto com o a forma autoritária e demagógica de governar do velho caudilho. Uma das últimas vezes que nos vimos Louise e eu, foi quando atendi seu pedido para impedir que a prefeitura derrubasse uma árvore frente a sua casa. Soube depois que se casara e viajara a Brasília para trabalhar no gabinete da presidência da República.

Dela só ouvi falar novamente quando hoje pela manhã correligionários me procuraram com o “Artigo – Sobre Coerência Ideológica”, escrito por minha amiga Louise Caroline, do PT, publicado no blog do Mário Flávio, jornalista que reputo como dos melhores da jovem leva de jornalistas pernambucanos. Os correligionários pediam-me uma resposta. Li e reli com atenção o artigo que a bacharela Louise assina como cientista política e percebi que é quase uma ode àquele que meu mui querido parceiro e finado amigo, o político, jornalista e comunista Souza Pepeu, chamava de Imperador Jolim. Em seu artigo a jovem Louise ataca pessoas de direita que mudam de lado, pessoas de esquerda que viram casaca, e reconhece os pecados dos governantes do seu partido. 

Até aí tudo bem, não fosse o grande deslize de se apresentar como paladina da justiça, legítima representante do único partido que representa a classe trabalhadora e afirmar que o “PSOL em Caruaru é dirigido por pessoas que já passaram por quase todos os partidos da cidade, até pela direita comandada por Tony Gel…” A articulista tenta, sem sucesso, minimizar o PSOL, a galharda militância do Partido do Socialismo e da Liberdade e dos seus valorosos representantes, esquecenndo que, mesmo sendo opositor da subserviência dos governantes do partido de Louise e seus aliados nacionais, o PSOL não arredou do combate ao golpe e aos golpistas que solapam a democracia e entregam os recursos naturais estratégicos do Brasil ao estrangeiro.

Cabe à bacharela em ciência política apontar o(s) dirigente(s) do PSOL a que se refere para que possamos preservar o nosso partido do vírus que acometeu grande parte dos dirigentes do seu respeitável PT, que se locupletaram de recursos do povo e apoiaram a corja de marginais do aliado PMDB que os apeou do poder. Caso contrário verei Louise, não mais como amiga, mas como defensora dos paquidermes locais em extinção, em troca de cargos ou outros benefícios que em Caruaru não foram descobertos ainda, mas Que andam suspirando pelas alcovas, Que andam sussurrando em versos e trovas, Que andam combinando no breu das tocas, Que anda nas cabeças, anda nas bocas, Que andam acendendo velas nos becos, Que estão falando alto pelos botecos, E gritam nos mercados que com certeza…

*Eduardo Guerra é filiado ao PSOL