Temos de corrigir a miopia orçamentária de curto prazo, diz Simone Tebet

Jorge Brandão - 17.01.2023 às 11:25h
Foto: Evaristo Sá

Folha de São Paulo

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), tem a ambição de promover uma reforma estrutural numa área que considera limitada pela visão de curto prazo, a montagem do Orçamento federal. Uma de suas prioridades à frente da pasta é incluir projeções, olhando os anos adiante.

“É preciso ampliar um pouco esse horizonte, deixar de falar apenas de Orçamento anual e ter projeção de médio prazo –estou falando aí de quatro anos”, afirma em entrevista à Folha.

“Essa miopia orçamentária, essa visão de curto prazo, não está dando certo. Precisa ter uma visão de médio e longo prazo, porque não dá para pensar o país como se os problemas fossem anuais.”

Ao mesmo tempo, Tebet considera imprescindível implantar um sistema de avaliação dos gastos. A Secretaria de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas, segundo ela, vai utilizar os melhores instrumentos internacionais para trazer essa prática ao Brasil.

“Vai atuar para que a gente possa definitivamente falar de qualidade de gastos públicos e implantar aquilo que há de mais moderno no mundo, obviamente adaptado à nossa realidade”, afirma. “Estou falando especialmente do ‘spending review’ [revisão de gastos, em que o desempenho de políticas públicas é avaliado para ver se estão cumprindo objetivos], que é uma boa prática internacional.”

Segundo ela, os efeitos dos atos de vandalismo do último domingo (8) exigem atenção também na economia, porque alimentam incertezas. Por isso, o governo está mais atento, especialmente na esfera política.

“Domingo mudou tudo, nos colocou em alerta, nós temos que dormir com os dois olhos abertos”, diz ela. “E nós estamos muito atentos.”