A contradição do governo Lula na representatividade feminina

Mário Flávio - 26.02.2025 às 08:56h

O governo Lula, que sempre se posicionou como defensor da representatividade e do empoderamento feminino na política, tem mostrado um movimento contraditório na composição ministerial. Desde o início do governo Lula, três mulheres foram retiradas do comando de ministérios estratégicos e substituídas por homens, reduzindo significativamente o espaço feminino no primeiro escalão do governo.

A primeira mudança ocorreu na pasta do Esporte, com a saída de Ana Moser, ex-atleta e referência na área esportiva, para dar lugar a André Fufuca, um nome indicado pelo Centrão, com pouca relação com a área. A decisão foi interpretada como uma tentativa do governo de agradar o bloco político em troca de apoio no Congresso, sem considerar a continuidade do trabalho técnico que vinha sendo realizado.

Outro exemplo veio com a troca no Ministério do Turismo, onde Daniela Carneiro, ex-deputada e aliada de primeira hora de Lula, foi substituída por Celso Sabino, também por questões de acomodação política. A decisão gerou atritos na base do governo e evidenciou que, apesar do discurso progressista, as negociações políticas acabam se sobrepondo à representatividade feminina.

Mais recentemente, a mudança mais sensível aconteceu na Saúde, um dos ministérios mais importantes da Esplanada. Nísia Trindade, a primeira mulher a comandar a pasta, pode ser substituída por Alexandre Padilha, o que reforça o movimento de retrocesso na inclusão feminina no governo.

A redução da participação das mulheres no alto escalão do governo levanta questionamentos sobre a coerência do discurso e da prática do Planalto. A gestão Lula se elegeu com forte apelo à diversidade e inclusão, mas, na prática, tem recuado nesse compromisso ao substituir mulheres por homens em postos estratégicos.

Com essas mudanças, o governo não apenas perde representatividade feminina, mas também enfraquece a sua própria narrativa progressista, abrindo espaço para críticas de setores que antes o apoiavam e questionando se a inclusão das mulheres na política está sendo realmente tratada como prioridade ou apenas como um discurso conveniente.