Agosto Laranja conscientiza e chama atenção da população sobre a Esclerose Múltipla

Mário Flávio - 02.09.2019 às 07:55h

Estima-se que 80% da população do Brasil sequer sabe o que é a Esclerose Múltipla (EM). E com o objetivo de divulgar a doença, contribuir para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e melhor qualidade de vida dos pacientes, durante todo o mês é celebrado o “Agosto Laranja”, com culminância neste dia 30, quando é vivenciado o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla. A ideia é voltar as atenções para a doença que, embora rara, acomete cerca de 35 mil brasileiros e 2,5 milhões de pessoas no mundo.

Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), as mulheres são mais propensas a desenvolver a doença, com uma proporção de três para um, e a população mais atingida tem entre 20 e 40 anos. Dentro do perfil apontado pela ABEM, estão as atrizes brasileiras Claudia Rodrigues e Ana Beatriz Nogueira, que convivem com a doença desde 2006 e 2009, respectivamente. Descobriram a esclerose no ápice de suas vidas pessoal e profissional: Claudia tinha 30 anos quando foi diagnosticada; Ana Beatriz, 40. Mas afinal, o que é a Esclerose Múltipla? Pode ser prevenida? Quais as causas? Quais os sintomas? Existe tratamento? A esclerose tem cura?

O que se sabe até então é que a EM é uma doença neurológica, crônica e autoimune, uma vez que as células de defesa do corpo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões. “As reais causas ainda são desconhecidas, havendo uma complexa e heterogênea interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais, podendo ainda haver alguma relação com certas infecções virais”, explica o neurologista Paulo Henrique Fonseca. Há ainda uma relação com fatores como o tabagismo, a obesidade, principalmente na adolescência, e baixos níveis de vitamina D.

Os sintomas habituais da doença são visão distorcida ou dupla, fadiga prolongada, formigamentos, perda de força e equilíbrio, espasmos musculares, dores crônicas, depressão, dificuldade cognitiva, problemas sexuais e incontinência urinária. Diante dessa variedade de sintomas, o diagnóstico tende a ser difícil e demorado. Outra característica da doença é se comportar em surtos, caracterizados por episódios repetidos de piora neurológica com as características acima citadas. O diagnóstico da doença é elaborado e complexo. Para tal, faz-se necessário uma ampla avaliação clínica e o suporte de exames complementares como ressonância magnética e coleta do liquor (líquido que banha a medula).

“O tratamento da doença visa a remissão dos surtos, controle dos sintomas e da progressão da doença. Atualmente dispomos de uma vasta gama de medicações com eficácia comprovado, devendo as mesmas serem indicadas após uma análise caso a caso. Ainda, lançamos mãos de medicações de suporte para controle da dor, da espasticidade, dos sintomas emocionais e cognitivos, bem como de equipe multidisciplinar de reabilitação (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos)”, conclui o neurologista.

– A Esclerose Múltipla:

NÃO é uma doença mental;

NÃO é contagiosa;

NÃO é suscetível de prevenção;

NÃO tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os afeitos e desacelerar a progressão da doença.

– Sintomas mais comuns:

Fadiga crônica

Sensitivos: dormências ou formigamentos e dor ou queimação na face;

Visuais: visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho, embaçamento ou perda visual e visão dupla;

Motores: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular;

Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;

Esfincterianos: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino;

Cognitivos: problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação);

Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade.

– Tratamento:

Medicamentoso: Azatioprina, Ciclosfosfamida, Mitoxantrone, Methotrexate e Ciclosporina.

– Terapias de apoio e complementares

Terapias de neurorreabilitação: psicologia, neuropsicologia, fisioterapia, arteterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, neurovisão e terapia ocupacional.

Terapias de apoio: neurologia, psiquiatria, medicina preventiva e urologia.

Terapias complementares: harmonia física e espiritual, melhora da capacidade de realizar atividades do dia a dia, a autoestima, autoconfiança e aceitação, alívio das dores, melhoria da força e a flexibilidade.