Americanas pede recuperação judicial em caráter de urgência

Lucas Medeiros - 19.01.2023 às 17:55h
(Imagem: Reprodução/ Polo Caruaru)

A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, nesta quinta-feira (19), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O pedido foi feito em caráter de urgência.

No início da manhã, a empresa já havia alertado que, devido ao tombo no caixa, reduzido a R$ 800 milhões, poderia pedir recuperação judicial dentro dias ou mesmo horas.

Mergulhada em uma crise iniciada há uma semana, desde a divulgação de inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões no balanço de 2022 e anos anteriores, o que levou o endividamento da empresa a superar R$ 40 bilhões, a Americanas vinha tentando negociar um acordo com os credores que pudesse evitar o pedido de proteção à Justiça.

No último dia 13, a companhia obteve na Justiça uma medida cautelar protegendo a varejista contra a cobrança de dívidas antecipadas por seus credores por um período de 30 dias.

A medida, contudo, retroagiu ao dia 11, quando o problema financeiro foi anunciado. E isso disparou uma grande disputa entre a Americanas e seus credores financeiros pelo caixa da empresa. BTG Pactual, Banco Votorantim, Bank of America, Goldman Sachs entraram na Justiça contra a decisão, seguidos de Bradesco e Itaú nesta quinta-feira.

Na petição, a Americanas diz que a queda no valor das ações, superior a 80% desde a divulgação dos R$ 20 bilhões em inconsistências contábeis, e o rebaixamento de seus ratings pelas agências de classificação de risco deixaram os credores financeiros “em polvorosa”.

Ao citar o BTG Pactual, que obteve vitória na Justiça derrubando a exigência de devolver valores de dívidas liquidadas antecipadamente a Americanas, a empresa disse que “a situação de caixa da companhia, que já era sensível, foi drasticamente afetada”.

A varejista lembra que “o bloqueio indevido de quase R$ 1,5 bilhão em uma situação periclitante como a atual faz com que a manutenção dos negócios do Grupo Americanas seja impossível sem a proteção da recuperação judicial“. Deste total, R$ 1,2 bilhão estão com o BTG.

A Americanas frisa que “caso não seja deferido” o pedido haverá um “absoluto aniquilamento do fluxo de caixa“, o que impedirá o cumprimento de obrigações diárias indispensáveis como o pagamento de fornecedores e funcionários.

Parte dos fornecedores da empresa decidiu suspender a entrega de mercadorias a Americanas ou apenas fazer remessas de produtos diante de pagamento à vista.

Esta semana, fornecedores relatam que pagamentos foram suspensos ou estão em atraso.

A Americanas tem uma rede com 3.600 lojas no país, contando ainda com um marketplace com perto de 150 mil vendedores cadastrados. Ao todo, mantém mais de cem mil empregos entre diretos e indiretos.