Do G1
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, manteve nesta quarta-feira (11) as prisões preventivas dos quatro suspeitos de invadir celulares de autoridades para manter a ordem pública e em razão da gravidade dos ataques. Os argumentos, que trazem detalhes novos da investigação, estão descritos na decisão a que a TV Globo teve acesso.
Nela, o juiz conclui que os “ataques à intimidade” de investigadores justificam a manutenção das prisões.
“Ocorre que a gravidade das condutas realizadas, de ataques a intimidade de autoridades responsáveis pela persecutio crimininis, além da complexa estrutura de fraudes bancárias, autorizam o encarceramento provisório para a manutenção da ordem pública”, diz o juiz.
Ricardo Leite destaca, ainda, que as buscas feitas em julho apontam para a sofisticação das atividades do grupo e que os quatro suspeitos têm envolvimento.
Na decisão, ele detalha: “Os relatórios de materiais apreendidos já mencionados pela autoridade policial indicam a participação de outras pessoas, com o uso de codinomes (para dificultar o rastreamento) e outras técnicas que dificultam o trabalho de averiguação (utilização de criptomoedas), mas que demonstra o grau de sofisticação desta possível organização criminosa”.
Walter Delgatti, Gustavo Henrique Elias Santos, Suellen Priscilla de Oliveira e Danilo Cristiano Marques foram presos no dia 23 de julho, na Operação Spoofing.
O juiz afirma que “ a gravidade concreta das condutas perpetradas, hackeamento de autoridades públicas, bem como a potencialidade para atacar qualquer alvo” demonstram o grau de periculosidade do grupo.
A decisão saiu após uma manifestação do delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha, que defendia a manutenção da prisão de somente dois suspeitos: Walter e Gustavo. O procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, do Ministério Público Federal em Brasília, discordou e deu parecer para manter a prisão dos quatro.
O juiz seguiu o parecer do MP, levando em conta o argumento do procurador de que os quatro deveriam seguir presos para preservar as investigações e proibir a continuidade de eventuais delitos.
Sobre Suellen, de quem a PF diz não ser mais necessária a prisão, o juiz afirma que os últimos ataques partiram do IP cadastrado em nome dela, que foi registrada movimentação atípica de Suellen e que “não há dúvida de que possui atuação relevante na possível organização criminosa”.
Sobre Danilo, o juiz afirmou que esta demonstrada a harmonia entre os dois na atividade criminosa e que Walter Delgatti, o principal suspeito, dividia os valores obtidos ilicitamente com Danilo.