A entrada de novos países ao bloco dos Brics trouxe à tona uma reconfiguração que preocupa o Ocidente. Com a adesão de diversas nações de regimes autocráticos, o Brics está se tornando um espaço que, em vez de promover cooperação econômica, parece se inclinar em um alinhamento estratégico que desafia diretamente as potências ocidentais.
Países como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos, além de Cuba, e Belarus, com suas governanças autocráticas, foram recentemente convidados a ingressar, sinalizando um fortalecimento do bloco em torno de uma agenda que prioriza interesses nacionais e regionais, muitas vezes alheios aos valores democráticos.
Um exemplo claro do clima de tensão e divergência interna no Brics foi o veto simbólico do Brasil à entrada da Venezuela no grupo. Embora a decisão tenha sido celebrada pela imprensa e setores da esquerda como uma “vitória diplomática” para o governo brasileiro, a realidade é bem mais complexa. Esse veto não representa um bloqueio definitivo. O presidente russo, Vladimir Putin, já deu declarações de que apoia a entrada do regime de Nicolás Maduro, enfatizando o interesse da Rússia em expandir a presença de aliados próximos ao bloco, especialmente aqueles que compartilham um antagonismo com os EUA e a Europa.
A expansão do Brics com nações de regimes não democráticos revela uma transformação significativa. O bloco, criado originalmente para reforçar o papel das economias emergentes no cenário global, agora se configura cada vez mais como uma frente de resistência ao poderio do Ocidente. Com o avanço de autocracias no grupo e a resistência a certas democracias, o Brics projeta um cenário desafiador para a geopolítica mundial, onde alianças são repensadas e os interesses nacionais, especialmente das potências ocidentais, ganham um novo grau de vulnerabilidade.
