Ciro defende renovação, diz que não rivaliza com Haddad e condena ataque a Bolsonaro

Mário Flávio - 06.09.2018 às 17:35h

O candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) chegou a Caruaru por volta das 14h, do Aeroporto Oscar Laranjeiras, onde foi recebido por correligionários. De lá, ele foi a feira do artesanato no parque 18 de Maio, centro da capital do Agreste.

Depois Ciro veio acompanhado da comitiva para o Teatro João Lyra, onde foi recepcionado por militantes. Ciro falou com à imprensa por 10 minutos. Os principais trechos da entrevista:

Pesquisa –

“Pesquisa é um retrato de um momento. A vida não é retrato, a vida é filme. Nós estamos em uma luta para unir todos os brasileiros de boa fé, toda gente que está sofrendo, em uma luta para restaurar a esperança. Não vou mudar nada. Vou continuar porque o que está acontecendo com o Brasil exige de muita serenidade e equilíbrio. Precisamos tirar essa cultura de ódio que está dividindo famílias e fazendo amigos brigarem na internet. O Brasil tem problemas graves, mas pode virar o jogo se a gente conseguir unir a nação”

Vídeo de Temer sobre Alckmin

“Detesto dizer isso, mas eu tenho que concordar com o Temer pela primeira e única vez na vida, espero. O Alckmin se apresentar de mudança é esquisito. Ele representa uma pessoa, um partido, uma organização e um conjunto de valores que apoiou o golpe de estado, que instalou o Temer na presidência. Ele apoiou dizendo que eram as propostas do PSDB todo o conjunto de reformas anti-pobre, anti-povo, anti-nacional. É de autoria do PSDB a lei que entrega o petróleo brasileiro aos estrangeiros, é quem está fazendo o isolamento da Venezuela a serviço sujo do imperialismo internacional, é o PSDB, que ainda hoje ocupa ministério. Todas as políticas desastrosas que o governo Temer impôs ao Brasil, tiveram e tem o apoio do PSDB. Agora, que precisa da simpatia e do voto do povo, vem dizer que é mentira. Me parece um pouco, como disse o Temer naquele jeitão múmia de ser, é melhor não ouvir os marqueteiros e ficar com a verdade”.

Ciro e o “Centrão”

“Se você procurar contradição na política, vai achar todas as vezes e em todos os ângulos. Eu não procurei e não aconteceu. Eles [Centrão] me procuraram. Estou me preparando para presidir o Brasil. Como eu disse para sua colega, não sou o dono da verdade, nem quero ser ditador do Brasil. Tenho que ter um olho na eleição e um olho no dia seguinte. Preciso entregar ao povo um sistema tributário que diminua os impostos sobre os trabalhadores e a classe média e aumente sobre os ricos. Isso exige que eu dialogue com forças que serão diferentes das convicções que eu tenho. Vou dialogar com quem o povo eleger. O tal ‘Centrão’ está com o Alckmin”.

Ciro x Haddad no Nordeste

“Não vejo confronto nenhum. Eu sou o Ciro Gomes e ajudei o Lula nos 16 anos em que ele governou por si ou por intermédio da Dilma. Eu fui ministro do Lula e tenho a honra de ter participado das reuniões fundamentais que criaram o Bolsa Família, que tomaram a decisão por uma política de valorização do salário mínimo. Tenho muito orgulho e os arquivos, estive aqui na fundação da universidade federal daqui, estou junto. Foi a mim que ele confiou a mais importante obra do governo dele, a integração do São Francisco. Portanto, não há conflito nenhum. Trata-se de ver, nesse momento, com muito respeito, quem tem capacidade de garantir que o Brasil de onde está volte a ter as políticas comprometidas com a pobreza, com a produção, com a classe média e quem quer aprofundar a destruição que está acontecendo. E aí, me parece que vai ficar claro que o mais legítimo intérprete desse pensamento é o único candidato nordestino que está na área, no caso esse amigo que lhe fala. Isso é da política. Não vou mudar meu conceito, meu carinho, meu respeito, meu dó com o que está acontecendo com o Lula só por causa da política. Parte não é o Lula, é uma cúpula do PT que usa de mais o nome do Lula sem nem sequer ele ser responsabilizado. Aqui em Pernambuco, o que foi feito, eu critico pesadamente. Não porque eu seja petista ou que não ache que o PT não mereça um olhar crítico da sociedade brasileira. Mas pra mim parece violência, em pleno século 21, você estimular uma moça como a Marília Arraes, dois anos pra ela ser candidata, e quando ela está chegando no primeiro lugar nas pesquisas, você tirar esse apoio por uma conversa de gabinete e obrigar os eleitores petistas a votar naqueles que chamam de golpistas, isso é uma violência que não guarda a menor relação com a tradição libertária do estado. Talvez o segundo, ou terceiro, ou primeiro estado mais politizado do país, que nós cearenses admiramos desde sempre e olhamos para Pernambuco como escola. Isso eu não posso deixar de censurar com toda veemência. Tiraram do povo de pernambucano a liberdade de escolher o seu candidato”.

Resgatar a credibilidade da política

“Exemplos e propostas. Exemplo, porque conversa fiada não engana mais ninguém. O nosso povo tem 13 milhões e 700 mil desempregados, 32 milhões vivendo de bico, correndo da repressão em praças e ruas, 63 milhões de brasileiros com o nome sujo, humilhados no SPC, 63 mil 880 homicídios, 60 mil mulheres brasileiras foram estupradas nos últimos 12 meses, isso é razão sobrada pra o nosso povo estar zangado, aborrecido e desanimado. Entretanto, o que tenho pedido é que deem uma nova chance ao nosso país. Isso é um mau momento. Há pouco tempo o país acreditava que podia crescer, e essa é a verdade. Se nós organizarmos o projeto nacional de desenvolvimento, que é o que estou propondo, esse país dá uma virada espetacular e todo mundo vai voltar a acreditar no futuro.

Rejeição de Bolsonaro

“Quem manda falar besteira de manha, de tarde e de noite? O cara só fala para interpretar a truculência, O egoísmo, a misoginia, a segregação de pessoas por orientação sexual, o desrespeito as mulheres que são a maioria e carregam esse país nas costas. O nosso povo tá só revelando o que a gente já sabe, o povo brasileiro, com todo sofrimento, com toda humilhação que sofre, é abençoado e muito inteligente. Quem vai salvar o Brasil desse tormento são as mulheres brasileiras, os nordestinos e o povo pobre”.

Atentado a Bolsonaro

“Qualquer ato de violência deve ser banido da linguagem da política. A democracia não aceita isso. É preciso, para além da minha solidariedade humana, pessoal, ao meu ilustre opositor deputado Jair Bolsonaro, que as autoridades sejam rápidas, eficazes e exemplares na identificação dos responsáveis e na sua punição exemplar”.