Coluna do Blog do MF da terça – Diante de fiasco nas urnas, PT pode mudar direção nacional

Mário Flávio - 22.10.2024 às 08:32h

O PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfrenta uma nova crise, após o fiasco nas urnas no primeiro turno das eleições municipais. Sem eleger nenhum prefeito ou prefeita em capitais, a legenda viu seu desempenho ser duramente criticado internamente e externamente, o que acendeu a necessidade de uma reformulação na direção nacional. Sob o comando de Gleisi Hoffmann, o partido se afastou de pautas populares, priorizando agendas ideológicas que não dialogam com o eleitor comum e nem com a classe média, o que pode agravar ainda mais a situação no segundo turno das eleições.

O fracasso nas urnas é um reflexo claro do distanciamento do PT em relação às demandas reais da população. Enquanto o partido apostou em temas progressistas, como debates sobre identidade de gênero, meio ambiente e direitos sociais, muitos eleitores se sentiram desamparados em questões mais imediatas, como segurança pública, emprego e infraestrutura. A insistência em um discurso que reforça o apoio a regimes como o de Nicolás Maduro, na Venezuela, e a repetida retórica anti-Israel em favor da Palestina, ampliou o desconforto com o partido, afastando um eleitorado mais conservador e moderado que historicamente votava no PT.

Gleisi Hoffmann, que está à frente da legenda desde 2017, tem sido duramente criticada por lideranças internas que acreditam que o partido se tornou excessivamente dependente de Lula e menos aberto a renovação e adaptação política. O apoio a pautas progressistas, embora importantes para uma parte do eleitorado de esquerda, não reflete as preocupações da maioria dos brasileiros, especialmente em tempos de crise econômica e social. Essa desconexão foi evidente no primeiro turno, e o partido agora corre o risco de um novo vexame no segundo turno, o que pode acelerar o processo de mudança na direção.

A possível reformulação do comando do PT reflete uma necessidade urgente de o partido se reconectar com as bases populares que o levaram ao poder em três eleições presidenciais. Sem essa mudança, a legenda corre o risco de continuar perdendo relevância no cenário político, deixando espaço para o crescimento de outras forças da esquerda e até da direita populista. O partido precisa rever suas prioridades, colocando o foco em questões que dialoguem diretamente com o cotidiano do eleitor brasileiro e evitando o que muitos enxergam como um excesso de ideologização.

A sobrevivência do PT como uma força política relevante no país passa, inevitavelmente, por um reposicionamento estratégico que reconcilie as pautas progressistas com as demandas pragmáticas da população. O próximo domingo será um divisor de águas para o partido: ou sai fortalecido, mostrando capacidade de adaptação e renovação, ou reafirma seu distanciamento das massas, selando um destino de decadência política. A conferir.